O Natal é um feriado religioso? Aumenta o número de americanos que dizem não
Enquanto muitas pessoas duvidam que o Natal esteja firme e forte, como acreditam alguns pensadores conservadores, um novo estudo sugere que as atitudes dos americanos estão mudando.
O estudo do Centro de Pesquisas Pew, baseado em entrevistas realizadas nas últimas semanas com 1.503 adultos, revelou que enquanto a vasta maioria dos americanos ainda comemora o Natal a maioria acha que os elementos religiosos da festa são menos enfatizados que no passado, e poucos deles se importam com essa mudança.
Como muitas outras coisas nos EUA, uma forte divisão partidária percorre os resultados da pesquisa, com as respostas dos republicanos parecendo enfatizar a religião e as dos democratas o secularismo.
Mas os dados complicam os esforços para se pintar o Natal como sob risco mortal ou sem qualquer problema, uma questão central num debate que já dura anos sobre se o Natal nos EUA respeita o cristianismo ou foi minado pelo liberalismo.
Quem comemora e de que maneira, noventa por cento dos americanos comemoram o Natal de alguma forma, um número que “quase não se mexeu” desde a pesquisa de 2013, segundo o centro.
Cinquenta e seis por cento dos americanos acreditam que os elementos religiosos do Natal são menos enfatizados hoje do que foram no passado, mas somente 32% deles disseram que esse fato os incomoda “muito” ou “um pouco”, segundo o estudo.
Em 2017, 55% dos americanos disseram que comemoravam o Natal como um feriado religioso, incluindo 46% que o viam principalmente como feriado religioso e 9% que o consideravam ao mesmo tempo religioso e cultural. Trinta e três por cento o comemoravam basicamente como um feriado cultural, disse o estudo.
As mudanças de atitudes se refletem em como as pessoas disseram que planejam passar seu tempo durante o Natal.
Em 2013, 86% dos celebrantes disseram que passariam a véspera ou o dia de Natal com pessoas queridas e 54% disseram que participariam de um serviço religioso. Isso caiu em 2017 para 82% que disseram que passariam o feriado com a família ou amigos e 51% que pretendiam participar de um serviço religioso.
A história bíblica
A mudança mais radical captada pelo estudo, de um ponto de vista teológico, pode ser o número reduzido de pessoas que disseram acreditar que a história bíblica do Natal reflete com precisão os fatos históricos.
A pesquisa perguntou aos entrevistados sobre sua crença em quatro partes da história bíblica do Natal: que um anjo anunciou o nascimento de Jesus; que ele nasceu de uma virgem; que sábios foram conduzidos ao bebê Jesus por uma estrela; e que ele foi colocado em uma manjedoura.
Somente 57% dos americanos acreditam nos quatro, contra 65% em 2014. Houve dois fatores que contribuíram para essa tendência, segundo os pesquisadores. Um deles foi que os ateus e os sem filiação religiosa pareciam ter ainda menos probabilidade hoje de acreditar na história do nascimento de Jesus. O segundo foi “um pequeno mas significativo declínio” de aproximadamente 5% “na porcentagem de cristãos que acreditam na narrativa do Natal contida na Bíblia”.
Feliz Natal?
O presidente Donald Trump transformou a frase “Feliz Natal” em um grito de batalha político, afirmando que a saudação está sendo expulsa da vida pública por alternativas politicamente corretas como “Boas festas” e as opções sazonais de corporações como Starbucks.
Ele muitas vezes disse a seus apoiadores que em sua presidência “diremos Feliz Natal de novo”. Mas a maioria dos americanos não se importa realmente, segundo os resultados da pesquisa.
Cinquenta e dois por cento disseram que para eles não importa o tipo de saudação usada por pessoas ou empresas, e só 32% disseram que preferem ser cumprimentados com “Feliz Natal”.
As respostas a essa pergunta diferiram segundo as linhas partidárias. Aproximadamente a metade dos republicanos prefere ouvir “Feliz Natal”, comparados com 19% dos democratas. Sessenta e um por cento dos democratas disseram que não se importam com a saudação de fim de ano usada pelas pessoas, enquanto só 38% dos republicanos concordaram.
Cenas natalinas
Também houve um movimento no sentido mais secular sobre a questão de se temas deste período do ano, como cenas de presépio, podem ser expostas em propriedades públicas, como prefeituras e escolas.
Grupos como a União Americana de Liberdades Civis se opõem a essas demonstrações, dizendo que violam a separação entre igreja e Estado. Mas dois terços dos americanos disseram que não consideram isso um problema, segundo a pesquisa.
O número de entrevistados que disseram que as demonstrações cristãs devem ser permitidas, sem símbolos de outras religiões, como um menorá, diminuiu 7 pontos percentuais desde 2013, de 44% para 37%. O número de americanos que se opõem a exibições religiosas em propriedade pública cresceu de 20% para 26% no mesmo período, segundo o estudo.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Fonte: Uol Noticias