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O que os modelos educacionais dos EUA e da Europa podem ensinar ao Brasil?

Não há necessidade de idealizar a situação do ensino superior no exterior, mas o que muitos não levam em consideração ao exigir uma reforma educacional no Brasil aos moldes de país X ou Y é que não sabemos ao certo ainda o que realmente funcionaria

Imagem: Shutterstock | Adaptação: Niandson Leocádio

 
Nos EUA e Europa os primeiros anos de graduação são de formação científica e cultural, no Brasil há uma excessiva precocidade na escolha da carreira profissional

- EBD INTERATIVA -

De acordo com os dados mais recentes do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Ensino Superior no Brasil conta com 2.416 instituições de ensino, sendo destes 2.112 particulares e 304 públicos (federais e estaduais). Apesar da quantidade, em contexo mundial o Brasil ainda carece de qualidade. Entre as 100 melhores universidades do mundo, listadas pelo Academic Ranking of World Universities, nenhuma é brasileira, enquanto 52 são norte-americanas.

O retrato dessa situação esbarra nos muros das instituições e atingem com cada vez maior intensidade a sociedade quando os formandos deixam o universo acadêmico em busca de emprego e estabilidade. De acordo com a pesquisa realizada em 2013 pela consultoria McKinsey & Company, 48% dos empregadores brasileiros consideram a escassez de competências como a principal razão para vagas no nível iniciante não preenchidas.

Não há necessidade, entretanto, de idealizar a situação do ensino superior no exterior e deixar que a “síndrome de vira-lata” nos impeça de pensar em uma solução para melhore o que é feito aqui. O que muitos não levam em consideração ao exigir uma reforma educacional no Brasil aos moldes de país X ou Y é que não sabemos ao certo ainda o que realmente funcionaria e que estamos tratando de realidades culturais e sociais extremamente distintas.

Porém, como pensar em uma alternativa? Qual é a alternativa mais viável para ser implantada efetivamente no país? “Talvez valha a pena colocar os nossos problemas em contato com os dos outros, de forma que possamos conhecer melhor esse mundo acadêmico mundial de que fazemos parte”, indica João Paulo Bertonha, doutor em História pela Universidade de Campinas (Unicamp), no artigo “Modelo americano ou europeu: qual o melhor caminho para a Universidade brasileira?”.

O sistema norte-americano

Quando pensamos em cursar o ensino superior nos Estados Unidos, rapidamente lembramos das grandes universidades como Yale, Princeton e Havard, onde há uma maior concentração de pesquisadores ativos. Entretanto, no país há uma diversidade de instituições voltadas à capacitação profissional de jovens que optam por seguir um caminho menos tradicional e acadêmico e mais voltado para o mercado de trabalho, as community colleges.

Ao concluir o High School, o equivalente americano ao Ensino Médio, o adolescente que deseja ingressar em uma university ou college precisa realizar um dos exames educacionais padronizado oferecido no país – semelhante ao ENEM no Brasil. É a partir desse momento que as semelhanças com o sistema brasileiro acabam, já que a maior parte das instituições não utilizam apenas as notas obtidas no SAT (Scholastic Aptitude Test) ou no ACT (American College Testing), os dois exames mais aceitos no país.

Para compreender o sistema norte-americano, é preciso esclarecer a existência de dois tipos de instituições de ensino superior no país. As community college são escolas de ensino superior com duração de no máximo dois anos onde os alunos cursam um currículo básico de disciplinas como literatura, ciências, artes, história e ciências sociais, sem especificar um major, ou seja, o campo específico de estudo do seu diploma.

Ao concluir o curso, eles obtém o diploma de associate degree e, então, se desejarem, podem obter o grau de transferência de Associate of Arts (AA) e migrarem para uma university. É apenas no início do terceiro ano de estudo, já nas universities, que os alunos finalmente escolhem um major. Esse modelo visa o nivelamento dos estudantes, oferecendo uma base de conhecimentos gerais nos mais variados assuntos, antes que se concentrem uma área específica de estudos.

No Brasil, o ensino público é sinônimo de gratuidade e em outros tempos essas instituições podiam ser reconhecidas, também, pela sua qualidade de ensino – e ainda são, porém de forma muito mais centralizada. Nos Estados Unidos, entretanto, até as universidades públicas são pagas. O ano acadêmico 2014/2015 na Universidade da Califórnia (universidade estadual), por exemplo, para o residentes do estado custará, em média, US$ 29 mil dependendo do tipo de acomodação escolhido pelo estudante. O alto custo, todavia, é compensado com incentivos constantes à pesquisa científica e infraestrutura completa.

O sistema americano, para o professor João Paulo Bertonha, funciona porque há uma cobrança daquilo que é oferecido. “Ninguém de bom senso espera avaliar a ciência com base em critérios quantitativos (“publicar x artigos em período y”). O professor [nos Estados Unidos] é avaliado continuamente em suas atividades de docência e pesquisa, tem todas as condições materiais para cumprí-las e recebe incentivos salariais e outros em caso de avaliação positiva e punições”, explica. 

O velho continente e a modernização na educação

Na Europa o ensino superior não era até 1998 padronizado. Embora ainda não haja um consenso nas formas de ingresso nas instituições, hoje o governo de 47 países se empenha em estabelecer uma harmonização no sistema, facilitando a mobilidade e integração entre os usuários do sistema.

Em 1999, ministros de 29 países europeus se reuniram e aderiram à Declaração de Bolonha em busca de estabelecer um padrão para o Ensino Superior na Europa. A declaração marcou uma série de mudanças em relação às políticas ligadas ao ensino superior dos países signatários e, em 2009, recebeu apoio de mais 18 ministros.

O comprometimento dos países em promover reformas em seus sistemas de ensino visa, principalmente, a adaptação do Ensino Superior Europeu às mudanças e exigências da sociedade. Ao devolver ao continente um papel importante na educação em contexto global, facilita a integração profissional de estudantes e pesquisadores, tornando o espaço acessível em escala global.

 Na prática, a Declaração de Bolonha estabeleceu a divisão do ensino superior na Europa em três ciclos: o primeiro, com duração mínima de três anos, garante o grau de licença (ou graduado, no Brasil); o segundo ciclo corresponde ao grau de mestre e dura entre um ano e meio a dois anos e o terceiro ciclo é o equivalente ao grau de doutor. Além do estabelecimento de ciclos comuns no ensino, foi implementado o suplemento ao diploma, no qual todos os estados aderentes à Declaração reconhecem automaticamente as qualificações acadêmicas entre si, facilitando a mobilidade dos estudantes e pesquisadores.

As universidades europeias adotaram um sistema de créditos transferíveis e acumuláveis (ECTS). O sistema que associa a cada unidade curricular um valor (número de créditos) com base no trabalho que o estudante deve realizar (tutoriais, estágios, trabalhos, avaliações, etc) promove a maior mobilidade dos estudantes entre as instituições do continente, viabilizando uma correspondência entre o que já foi estudado em um determinado local e o que falta para concluir, se assim o estudante desejar, em outra universidade.

O Processo de Bolonha significa a reorganização da formação profissional do cidadão europeu em torno de novos valores, implicando não unicamente na participação de professores nas salas de aulas ou dos estudantes na realização dos exames. A transformação do ensino europeu valoriza as competências e não só conteúdos, as aprendizagens, e não apenas o ensino.

Na prática

Diferentemente dos sistemas de ensino analisados acima, onde os primeiros anos de graduação são de formação científica e cultural, no Brasil há uma excessiva precocidade na escolha da carreira profissional. Jovens, em sua maioria com 17 ou 18 anos, são pressionados a fazerem a “escolha certa” e sofrem quando não o fazem, endossando as estatísticas de abandono de cursos superiores.

A pró-reitora da Universidade Federal do Paraná, em entrevista à Gazeta do Povo aponta a imaturidade dos jovens como principal fator para uma escolha equivocada da graduação. “Cerca de 60% dos nossos calouros estão na faixa entre 16 e 20 anos. Boa par­­te dos estudantes pensa num curso e depois vê que não é bem aquilo que imaginava”, explica.

Nas universidades estrangeiras esse problema é observado em menor escala e muito disso se deve à flexibilidade dos currículos. Nos Estados Unidos e na Europa, o aluno cursa uma variedade de disciplinas nos dois primeiros anos na universidade, possibilitando o contato com as mais diversas áreas, antes de enfim escolher a graduação definitivamente.

Algumas universidades brasileiras, como a Universidade Federal da Pernambuco (UFPE), já adotam um sistema semelhante em alguns cursos, como Engenharia. Ao se inscrever no vestibular o aluno opta pelo “curso” de Conjunto de Engenharias, com duração de quatro semestres. Após o contato com diferentes disciplinas é que ele decide uma área específica para terminar a graduação de quatro anos.

Em busca de exemplos, o Brasil não precisa ir muito longe. A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Chile, eleita a melhor universidade da América Latina, de acordo com a pesquisa supracitada, tem uma preciosa lição a nos ensinar: a instituição é, hoje, a líder em citações em artigos acadêmicos internacionais. Este fato está, todavia, intrinsicamente relacionado à vasta quantidade de publicações em língua inglesa feita pelos seus pesquisadores.

O editor da consultoria britânica Times Higher Education, Phil Baty, diz que o fato das publicações brasileiras não serem lidas e compartilhadas em larga escala sugere que sejam de qualidade inferior. Para ele, parte do problema pode ser a falta do inglês, uma vez que muitos países adotaram a publicação na língua para garantir que seja compreendida e compartilhada em todo o mundo e que as respectivas universidades recebam o reconhecimento pelo trabalho inovador.

Iniciativas pontuais já são observadas em busca da resolução do problema. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC), junto com a Secretaria de Educação Superior (SESu) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal a Nível Superior (CAPES) implementou o programa Inglês sem Fronteiras, elaborado a partir da necessidade de se aprimorar a proficiência em língua inglesa dos estudantes universitários brasileiros. A iniciativa oferta cursos a distância e presenciais de língua inglesa, além de aplicar testes de proficiência, gratuitamente.

A melhoria da educação é uma construção social, o que implica em trabalho conjunto entre diversos nichos da sociedade, como iniciativas privadas, governamentais e filantrópicas, além do esforço contínuo dos educadores, que são a base do sistema de ensino.

Nos Estados Unidos, a Singularity University é um dos exemplos a serem observados. Com o campus instalado na base de pesquisa da Nasa, no Vale do Silício (Califórnia), a instituição também tem apoio de grandes empresas privadas, como Google, Nokia, Kauffman e Cisco, unindo a prática profissional ao ambiente acadêmico.

No geral, o Brasil vem esquecendo que a educação é e deve ser explorada como estratégia de desenvolvimento do país. A economia brasileira cresceu, mas a forma de educar permaneceu praticamente imutável nas últimas décadas. Espelhar-se na harmonização promovida no sistema educacional europeu através da Declaração de Bolonha pode ser o ponto de partida para transformar o país em uma nação não apenas de trabalhadores, mas de pensadores.

Fonte: Administradores.com.br

 

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