A parábola de Jotão: O Que a Eleição das Árvores nos Ensina Sobre Escolhas Políticas (2)
Contexto Histórico da Parábola de Jotão (Juízes 9)
A parábola de Jotão surge em um momento de transição política em Israel, logo após o assassinato dos 70 filhos de Gideão (Jerubaal) por Abimeleque, que buscava reinar sobre Siquém e sobre os israelitas. Esse cenário reflete uma crise política e moral profunda, já que Abimeleque, filho de uma concubina, buscava poder através da violência e manipulação.
A parábola de Jotão é um discurso proferido no monte Gerizim, logo após o massacre, com o objetivo de advertir os habitantes de Siquém sobre as consequências de suas escolhas, usando uma alegoria que simboliza a eleição de um rei.
Estrutura da Parábola de Jotão
A parábola é construída em torno de uma série de diálogos entre as árvores, que procuram eleger um rei para governá-las. As árvores inicialmente procuram três tipos de plantas frutíferas: a oliveira, a figueira e a videira. Todas recusam o convite, cada uma com suas justificativas, alegando que sua missão de produzir frutos valiosos seria comprometida se assumissem a realeza. Por fim, as árvores se voltam para o espinheiro, que aceita a proposta de ser rei.
Elementos Simbólicos da Parábola de Jotão
- Árvores: Representam os cidadãos de Israel, especialmente os habitantes de Siquém, que buscavam um líder.
- Oliveira, Figueira e Videira: Simbolizam líderes potenciais de Israel que, por terem papéis produtivos e benéficos para a nação (produzindo frutos valiosos como azeite, figos e vinho), recusam a liderança. Essas árvores são usadas para ilustrar pessoas com qualidades nobres que não se envolvem em busca de poder, pois priorizam seu serviço produtivo.
- Espinheiro: Representa Abimeleque. O espinheiro, sendo uma planta sem frutos e espinhosa, simboliza um líder destrutivo e ineficaz. Ao aceitar a oferta das árvores, ele oferece sombra (algo que um espinheiro não pode dar) e ameaça com fogo, revelando seu caráter violento e inútil.
Interpretação Geral da Parábola de Jotão
A parábola é uma crítica direta à decisão de Siquém de apoiar Abimeleque como rei. As árvores frutíferas representam lideranças que serviriam o povo com justiça e benefícios, mas que se recusam a assumir o poder, enquanto o espinheiro simboliza Abimeleque, uma figura indigna que, ao tomar o poder, traria apenas destruição. Jotão alerta que a aliança com Abimeleque resultaria em ruína mútua.
A Intervenção Divina na Eleição das Árvores
A eleição das árvores reflete a busca humana por liderança e autoridade. Na parábola, as árvores nobres (oliveira, figueira e videira) recusam o poder, priorizando seu chamado para produzir frutos. Esse cenário destaca a intervenção indireta de Deus, que, em muitas ocasiões, permite que o povo faça suas escolhas, mesmo que elas tragam consequências devastadoras. A não intervenção direta de Deus nesse momento reflete uma lição sobre o livre arbítrio: as árvores (Siquém) tiveram a liberdade de escolher o espinheiro (Abimeleque), mesmo com a clara advertência dos perigos dessa decisão.
A parábola sugere que líderes genuínos, que têm algo significativo a oferecer ao povo (como o azeite, os figos e o vinho), muitas vezes evitam o poder político, preferindo servir de outras maneiras. Quando o povo ignora esses líderes e escolhe líderes ineficazes ou corruptos, como o espinheiro, Deus permite que suas escolhas sigam adiante, mas as consequências inevitáveis – destruição e caos – seguem.
O Caos Político em Siquém
Siquém, ao escolher Abimeleque, rejeitou a liderança que poderia trazer prosperidade e paz. A escolha do espinheiro simboliza a tendência humana de buscar soluções rápidas e imediatas, sem considerar as longas implicações das escolhas. Abimeleque era o líder mais acessível, mas também o mais perigoso, e sua ascensão ao poder trouxe divisões, destruição e caos. O espinheiro, em sua natureza, não tem a capacidade de dar sombra ou abrigo, e, ao invés disso, só pode causar dor e destruição.
A advertência de Jotão se cumpre mais tarde, quando Abimeleque, em sua tirania, se volta contra os próprios habitantes de Siquém, resultando em sua própria morte violenta. Isso reflete uma realidade política e espiritual: quando líderes corrompidos são eleitos, o ciclo de violência e destruição é inevitável.
Reflexão Final
A parábola de Jotão é uma advertência atemporal sobre a importância da sabedoria nas escolhas políticas e espirituais. O caos político em Siquém é uma consequência direta da rejeição de lideranças justas e produtivas em favor de líderes corruptos e ineficazes. A intervenção divina, ou melhor, a ausência de uma intervenção direta, ensina que as escolhas humanas têm consequências profundas, e que Deus permite que essas consequências ocorram para instruir e advertir o povo.
Assim, ao refletirmos sobre a parábola e sua aplicação nos dias de hoje, somos desafiados a considerar o tipo de liderança que buscamos e a importância de confiar em líderes que se preocupam em “dar frutos” para o bem comum, em vez de líderes que trazem apenas divisões e destruição.
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