As Consequências do Pecado de Davi (Subsídio e Vídeo)
Nessa mesma linha de pensamento andou G. Ernest. Segundo ele, não se pode buscar a natureza do pecado simplesmente por meio de um aspecto etimológico, pois isso não ajuda em quase nada. Osiel Gomes
4º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO
II – A REPREENSÃO DO PROFETA NATÃ AO REI DAVI
III – AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI
O PECADO
No Antigo Testamento
Von Rad está certo quando afirma que Israel tinha diversos termos para a palavra pecado, mas apenas analisar etimologicamente seu sentido ou buscar uma definição por meio de um vocábulo não disseca sua essência. Quem assim procede pode correr o risco de aplicá-las fora do seu devido contexto, conforme descrevem as Escrituras.
Nessa mesma linha de pensamento andou G. Ernest. Segundo ele, não se pode buscar a natureza do pecado simplesmente por meio de um aspecto etimológico, pois isso não ajuda em quase nada. Ele pontua que há semelhança no uso da palavra pecado no Egito, Babilônia e Grécia. Assim, na sua concepção, o melhor é estudar a palavra pecado ainda que buscando seu sentido pelo vocabulário, dentro do contexto da fé.
Na definição da palavra pecado, usando o vocábulo hata, fala de alguém que erra o alvo; é como alguém que atira uma pedra e erra seu ponto almejado (Jz 20.16). Pode ser aplicada no caso de alguém que segue uma viagem, mas que erra o caminho (Pv 19.2).
Outra palavra que descreve o pecado no sentido de perverter ou tornar mau é o vocábulo hebraico awôn (1 Sm 20.21). Pode-se entender que, somente pelo uso desses dois vocábulos, o pecado é algo que leva alguém a andar errado, perverso; ele jamais ajuda uma pessoa a alcançar o alvo certo, a se conduzir corretamente, pois é tortuoso, irregular, nunca segue um padrão de normalidade, verdade, santidade, justiça, retidão. O pecado é sempre sujo, imoral, não busca a pureza divina, o que é correto; por isso que separa o homem de Deus (Rm 3.23).
Vale dizer que, nas páginas do Antigo Testamento, o pecado é descrito quase por inteiro como pessoal. Quem o pratica o faz conscientemente e por sua própria decisão, isso porque o homem é um ser livre para fazer suas escolhas, decisões, ao contrário dos animais irracionais e das coisas; elas jamais podem pecar, pois não têm decisão sobre nada.
Sendo livre e tendo capacidade para fazer a escolha entre o bem e o mal, o Antigo Testamento fala de pecados cometidos pelo povo de Deus, tanto de modo coletivo como individual, lembrando que, por meio da nação ou pessoal, cada um seria responsável pelo seu próprio pecado (Dt 9.6-24; Sl 106.6-39; Is 59.1-8; Jr 2.4-28; Ez 16.14-58; Am 2.6,8; Mq 2.1,2).
O importante é entender que, segundo o Antigo Testamento, estão estampadas em suas páginas as ênfases proféticas contra Israel por causa de suas experiências com o pecado, evidenciando assim procedimento torto para com Deus, como também a falta de retidão. Esses profetas dissecaram não somente a raiz de uma palavra para falar do pecado e seus males, mas usaram figuras de linguagem corriqueiras com o propósito de mostrar o tanto que o pecado suja a pessoa que o pratica.
O profeta Jeremias falou da sujeira do povo de Deus, esclarecendo que ele estava sujo e precisava ser limpo, assim como faziam as lavadeiras (Jr 2.22). O profeta Isaías, falando do pecado do povo de Deus, afirmou que, por causa de sua prática, todos estavam doentes (Is 1.5,6). Na linguagem pastoril, uma ovelha que saísse do rebanho, considerada como desgarrada, era sinal de pecado (Jr 23.3). O agricultor descrevia o pecado como um trigo repleto de palhas que precisava ser peneirado (Am 9.9).
Em se tratando de ouro, prata, minas, os objetos que precisavam passar por um refinamento eram comparados à vida daqueles que eram impuros, pecadores e precisavam de purificação (Ez 22.18.19). Para o construtor, quem praticasse ou vivesse no pecado seria comparado a uma parede torta (Am 7.8). Na linguagem da dona de casa, o pecado era comparado a um chão sujo (Is 14.23). Na visão do oleiro, quem cometia pecado era como um vaso com barro e pedras (Jr 18.1-4).
Note que em todo o Antigo Testamento o pecado é visto como algum ruim, sujo, feio, por isso é que Deus não ama o pecado, apenas o pecador; dele todos nós precisamos fugir, buscando a purificação por meio da fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus, o qual tem poder para perdoar os nossos pecados.
No Novo Testamento
A ideia neotestamentária para pecado é hamartia. Trata-se de errar o alvo, por isso se chega ao fracasso, não alcançando o padrão estabelecido. Fora do seu sentido original, a palavra pecado alcançou sua universalidade e, nesse particular, ela é descrita categoricamente como princípio.
Entende-se, à luz do Novo Testamento, que o pecado em si é um ato, mas também uma condição, ou seja, o que se pode fazer, praticar e, como condição, trata-se do estado em que a pessoa se encontra quando o comete. Ao lermos Romanos 3.23, o homem está na condição de pecador porque primeiramente o praticou, fez um ato.
João descreve o pecado como sendo um desvio desregrado da verdade que se conhece, de não proceder moralmente segundo a retidão exigida por Deus (1 Jo 3.4), assim ele salienta a condição humana sem a regeneração e tais práticas resultam de atos pecaminosos (Mt 15.19).
Nas páginas do Novo Testamento, está claro que o pecado faz o homem errar de direção, dos ideais divinos, pois se afasta daquilo que foi proposto por Deus, dos seus projetos, intentos benéficos.
Fora do padrão estabelecido por Deus, o homem caminha a esmo e, desse modo, vive impiamente, o que pode ocasionar sérias consequências para sua vida, pois não corresponde ao ideal divino (2 Pe 2.6), que está contido em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o qual deseja que sejamos semelhantes a Ele (Rm 8.29). Vivendo fora do modelo estabelecido por Deus, então o homem pratica os seguintes atos:
• Asebeia – Impiedade (2 Pe 2.6).
• Parabasis – Transgressão contra os princípios divinos (Mt 6.14; Tg 2.11).
• Paranomia – Quebra da lei, distanciamento da lei moral (At 23.3; 2 Pe 2.16).
Resumidamente, o Novo Testamento traça o pecado em diversas linhas de pensamento e modo, mas, em todas as suas definições, ele é apresentado negativamente, e que a cura para esse inimigo cruel é somente Jesus Cristo. Através do sacrifício feito por Jesus Cristo na cruz do Calvário, aquele que crê pode ser uma nova criatura.
Texto extraído da obra “O Governo Divino em Mãos Humanas”, editada pela CPAD.
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Videoaula – pastor Osiel Gomes