
Jovens Lição 5: ⚔️ O Início do Cerco de Jerusalém (70 d.C.)
🔥 Uma História de Fogo, Fome e Fé
O ano 70 d.C. não é apenas um marco na história de Israel, mas um evento central para a compreensão da teologia cristã. O cerco de Jerusalém pelo Império Romano, liderado pelo general Tito, foi um evento catastrófico, marcado por uma violência inimaginável, fome extrema e a destruição completa da cidade e do Templo. Mas, mais do que uma tragédia histórica, este evento é o cumprimento assombroso de profecias bíblicas, o divisor de águas entre o Antigo e o Novo Testamento e um alerta eterno sobre as consequências da desobediência.
Para a juventude, este tema pode parecer distante. No entanto, as lições extraídas do cerco são atemporais: a importância de dar ouvidos à Palavra de Deus, a fragilidade das estruturas humanas e a fidelidade divina, mesmo em meio ao caos. Ao mergulharmos nos detalhes históricos e teológicos, somos desafiados a examinar nossa própria fé e a nossa postura diante das promessas e advertências divinas.

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🗺️ O Contexto Histórico: Uma Rebelião sem Volta
Para entender o cerco de Jerusalém, precisamos voltar um pouco no tempo, para o ano 66 d.C. A Judeia estava sob o controle opressor de Roma, e a tensão entre os judeus e o poder imperial era constante. Movimentos nacionalistas e zelotes (radicais judeus que defendiam a independência de Israel pela luta armada) inflamaram o povo.
A Eclosão da Revolta 💥
A gota d’água foi o confisco de dinheiro do Templo para pagar impostos a Roma, além de um incidente em Cesareia em que a população local massacrou milhares de judeus. Isso desencadeou uma revolta em Jerusalém. A princípio, os judeus obtiveram vitórias, e conseguiram expulsar as legiões romanas da cidade. Isso lhes deu um falso senso de segurança e invencibilidade.
A Guerra Civil Interna 🤯
O problema é que, mesmo vitoriosos, os judeus estavam divididos. Diferentes facções (zelotes, sicários, idumeus) lutavam entre si pelo controle da cidade. Durante o cerco, em vez de se unirem contra o inimigo comum, eles se enfrentaram. Os zelotes, em um ato de desespero e fanatismo, queimaram os estoques de alimentos da cidade, acreditando que isso levaria o povo a uma luta mais intensa e que Deus interviria. No entanto, o resultado foi o oposto: a destruição dos mantimentos causou uma fome terrível. O historiador judeu Flávio Josefo, que testemunhou o cerco, relata a brutalidade da guerra interna e os horrores da fome, incluindo casos de canibalismo.
A Resposta Romana e o Início do Cerco 🏛️
O Imperador Nero, em resposta à revolta, enviou o general Vespasiano para reprimir a rebelião. Quando Vespasiano se tornou imperador, ele deixou o comando para seu filho, Tito. Em abril de 70 d.C., com um exército de aproximadamente 60.000 soldados, Tito cercou Jerusalém.
✝️ Profecias Cumpridas: A Visão de Jesus
O cerco e a destruição de Jerusalém não pegaram ninguém de surpresa, especialmente aqueles que ouviram as palavras de Jesus. Em várias ocasiões, Jesus profetizou sobre a ruína da cidade.
As Profecias de Jesus nos Evangelhos 📖
- Destruição do Templo: Em Mateus 24:1-2, Jesus, diante do Templo, diz aos seus discípulos: “Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.” Esta profecia se cumpriu literalmente. O Templo, considerado indestrutível pelos judeus, foi completamente demolido.
- O Cerco de Jerusalém: Em Lucas 21:20-24, Jesus descreve em detalhes o cerco: “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.” Ele também instruiu os que estivessem na Judeia a fugirem para os montes.
- A “Abominação da Desolação”: Em Mateus 24:15, Jesus menciona a “abominação da desolação”, um termo que remete a Daniel 9. Para os cristãos da época, a presença dos exércitos romanos com suas insígnias pagãs (consideradas abominações) no “lugar santo” foi o sinal para fugir.
🧐 Pontos Polêmicos e Perspectivas Teológicas
A interpretação do cerco de Jerusalém não é unânime na teologia. As principais polêmicas giram em torno da escatologia, ou seja, a doutrina das últimas coisas.
1. O Preterismo e o Cerco de Jerusalém 🕰️
O que é? A visão preterista (do latim praeter, que significa “passado”) defende que a maioria das profecias apocalípticas de Jesus, especialmente as de Mateus 24, e até mesmo algumas do livro de Apocalipse, se cumpriram integralmente no cerco de Jerusalém em 70 d.C.
Pensamento Teológico:
- Kenneth Gentry Jr.: Um dos principais expoentes do preterismo, Gentry argumenta que a “vinda” de Cristo descrita em Mateus 24 não é uma vinda física, mas um julgamento divino sobre a nação de Israel, executado através dos romanos. Ele usa a passagem de Mateus 10:23 (“Não tereis percorrido as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem”) como evidência de um cumprimento no primeiro século.
- R.C. Sproul: Embora não seja um preterista completo (ele defende o preterismo parcial), Sproul concorda que as profecias sobre o cerco de Jerusalém se cumpriram em 70 d.C., e que isso demonstra a soberania de Deus sobre a história.
Resposta Bíblica e Teológica:
- Crítica: A visão preterista, especialmente a completa (hiperpreterismo), é criticada por negar a segunda vinda física de Cristo e a ressurreição corporal futura. Teólogos como Wayne Grudem argumentam que a linguagem de Mateus 24 é forte demais para se referir apenas à queda de Jerusalém, mencionando eventos cósmicos e a vinda de Cristo “nas nuvens” (Mateus 24:30), que claramente apontam para um evento futuro e global.
- Equilíbrio: A visão mais equilibrada, e majoritariamente aceita, é a preterista parcial: as profecias sobre Jerusalém se cumpriram em 70 d.C., mas as profecias sobre a segunda vinda e o juízo final ainda são futuras.
2. O Cerco e a Teologia Dispensacionalista ➡️
O que é? A visão dispensacionalista interpreta a história bíblica através de diferentes “dispensações” ou períodos de tempo. Eles veem uma distinção clara entre Israel e a Igreja, e interpretam o cerco de Jerusalém de forma diferente.
Pensamento Teológico:
- John Walvoord: Teólogo dispensacionalista, Walvoord interpreta a destruição de Jerusalém como o julgamento de Deus sobre Israel por rejeitar a Jesus como Messias. Ele argumenta que o cerco de 70 d.C. é o cumprimento das profecias de Jesus sobre o juízo sobre “aquela geração” (Mateus 23:36), mas que as profecias do Sermão do Monte das Oliveiras (Mateus 24) também contêm elementos que se cumprirão no fim dos tempos, durante a Grande Tribulação.
- Interpretação Futura: Dispensacionalistas acreditam que muitas das profecias de Mateus 24 ainda aguardam um cumprimento futuro literal, incluindo a reconstrução do Templo e a subsequente “abominação da desolação” feita pelo Anticristo.
Resposta Bíblica e Teológica:
- Crítica: Alguns críticos apontam que a distinção tão rígida entre Israel e a Igreja não encontra respaldo em todas as passagens bíblicas, e que o cumprimento das profecias sobre Jerusalém em 70 d.C. tem uma relevância mais imediata do que a dispensacionalista às vezes sugere.
- Relevância: No entanto, a visão dispensacionalista ajuda a manter viva a expectativa da segunda vinda e a entender a continuidade da promessa de Deus para com o povo judeu.
3. A Destruição como Juízo de Deus ⚖️
O que é? A visão majoritária e mais consensual é que o cerco de Jerusalém foi um ato de juízo divino. As profecias de Jesus não eram meras previsões, mas sentenças sobre o pecado de Israel, especialmente a rejeição de seu Messias.
Pensamento Teológico:
- Agostinho de Hipona: O teólogo primitivo já via a destruição de Jerusalém como o fim da antiga ordem sacrificial, inaugurando a era da Igreja. Ele interpretava o evento como a concretização das advertências divinas contra a apostasia e a rejeição de Cristo.
- John Gill: O teólogo batista do século XVIII, em seu comentário, destaca que a ira de Deus se manifestou através dos exércitos romanos, que se tornaram instrumentos de Sua punição. Ele enfatiza que a destruição foi um juízo divino sobre a nação judaica.
Resposta Bíblica e Teológica:
- Consistência Bíblica: Essa visão é a mais consistente com o Antigo e o Novo Testamento. O Antigo Testamento está repleto de exemplos em que Deus usou nações estrangeiras como instrumentos de juízo contra Israel. O Novo Testamento, por sua vez, mostra a rejeição de Cristo e as consequências desse ato.
🛡️ Lições para o Jovem Cristão
O cerco de Jerusalém não é apenas um fato histórico; é um espelho para a nossa própria vida e fé.
- Dê Ouvidos às Advertências Divinas: Os cristãos que fugiram de Jerusalém antes do cerco o fizeram porque obedeceram às palavras de Jesus (Lucas 21:20-21). Muitas vezes, Deus nos avisa sobre perigos espirituais e morais. A negligência dessas advertências pode levar à destruição.
- Cuidado com a Falsa Segurança: Os judeus em Jerusalém se sentiram seguros por causa das muralhas da cidade e da presença do Templo. Acreditavam que Deus nunca permitiria que o Templo fosse destruído. Isso é uma lição para nós: não devemos depositar nossa confiança em tradições, títulos ou estruturas religiosas, mas unicamente em Cristo.
- A Ruína da Divisão Interna: A guerra civil entre as facções judaicas enfraqueceu a defesa da cidade. A divisão dentro do corpo de Cristo é igualmente perigosa. Tiago 4:1-2 nos lembra que as contendas vêm das paixões que guerreiam em nossos membros. A união em Cristo é essencial para a saúde da Igreja.
- Jesus É o Verdadeiro Templo: A destruição do Templo de Jerusalém marcou o fim de uma era. Jesus é o cumprimento do Templo, e nós, como Igreja, somos o Seu santuário espiritual (1 Coríntios 3:16). Nossa adoração não se limita a um lugar físico, mas se manifesta em nosso relacionamento com Cristo.
- A Promessa da Nova Jerusalém: A história de Jerusalém não termina em 70 d.C. A Bíblia aponta para uma Nova Jerusalém, onde não haverá mais pranto, dor ou morte (Apocalipse 21). Essa é a nossa esperança, a promessa de um futuro eterno com Deus.
❓ FAQ: Perguntas Frequentes
P1: O que aconteceu com os cristãos durante o cerco?
R: O historiador Eusébio de Cesareia (século IV) relatou que os cristãos de Jerusalém, lembrando-se das palavras de Jesus (Mateus 24:16; Lucas 21:21), fugiram para Pela, uma cidade na Decápole, antes do início do cerco. Eles foram salvos por terem obedecido às advertências de Cristo.
P2: A destruição do Templo em 70 d.C. significou o fim do judaísmo?
R: A destruição do Templo foi um evento traumático e transformador para o judaísmo, marcando o fim do sistema sacrificial. A partir de então, o judaísmo rabínico se desenvolveu, centrado na sinagoga e no estudo da Torá, substituindo o sacerdócio do Templo. Foi um ponto de inflexão, não de aniquilação.
P3: Por que a destruição do Templo foi tão significativa?
R: O Templo era o centro da vida religiosa e nacional judaica. Sua destruição foi vista como o fim de uma era, o que gerou profunda reflexão teológica tanto para judeus quanto para cristãos. Para os cristãos, a destruição do Templo confirmou a superioridade de Cristo, o sumo sacerdote que ofereceu um sacrifício perfeito e definitivo.
P4: Tito foi um instrumento de Deus, mesmo sendo um pagão?
R: Sim. A Bíblia ensina que Deus usa nações e líderes, mesmo pagãos e ímpios, para cumprir Seus propósitos e executar Seus juízos. O profeta Isaías se refere a Ciro, rei da Pérsia, como “o meu pastor” (Isaías 44:28) para cumprir a restauração de Israel. No caso de Tito, ele foi usado por Deus para punir a rebeldia de Israel.
P5: Existe alguma relação entre o cerco de Jerusalém e o livro de Apocalipse?
R: Sim, mas a interpretação varia.
- Preteristas veem muitas das profecias de Apocalipse (especialmente os juízos sobre a “Grande Babilônia”) como cumpridas em 70 d.C., referindo-se a Jerusalém ou a Roma.
- Dispensacionalistas interpretam Apocalipse como um evento futuro, relacionado ao fim dos tempos.
- A visão mais comum é a histórica, que vê Apocalipse como uma profecia que se cumpre ao longo da história da Igreja, com picos de cumprimento em eventos como o cerco de 70 d.C., mas com um cumprimento final e definitivo na segunda vinda de Cristo.
P6: O que a fome durante o cerco nos ensina?
R: A fome em Jerusalém é um lembrete dramático das consequências da desobediência e da falta de confiança em Deus. Os zelotes, ao destruírem os mantimentos, mostraram uma fé distorcida e imprudente. A nossa fé deve nos levar a planejar e a confiar em Deus, não a cometer atos insensatos.
P7: Flávio Josefo é uma fonte confiável?
R: Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, é uma fonte histórica inestimável para o período. Ele presenciou a revolta e o cerco, e seu relato é rico em detalhes. Embora seja importante ler com um olhar crítico (ele escreveu sob o patrocínio romano), sua obra, A Guerra dos Judeus, é a principal fonte extrabíblica para o período.
P8: A profecia da reconstrução do Templo ainda vai se cumprir?
R: O dispensacionalismo acredita na reconstrução do Templo em Jerusalém antes da Grande Tribulação. Outras linhas teológicas, no entanto, argumentam que o Templo físico não é mais relevante, uma vez que Jesus é o cumprimento de todas as sombras do Antigo Testamento. A Igreja se tornou o novo Templo.
Conclusão: Uma Lição para Hoje
O cerco de Jerusalém, embora um evento do passado, tem lições poderosas para a juventude de hoje. A história nos ensina sobre a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas e advertências. Ela nos lembra da fragilidade das instituições humanas e da importância de colocar nossa fé unicamente em Cristo. Que, ao estudarmos sobre este evento, possamos fugir das ciladas espirituais, valorizar a unidade da Igreja e viver na esperança da Nova Jerusalém que nos aguarda.
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É autor, professor e palestrante, formado em pedagogia e teologia, escritor e Editor do Portal EBD Interativa.





















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