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Lição 08: A resistência de Mardoqueu (Subsídios)

Comentário Exegético Profundo da Leitura Bíblica em Classe (Ester 2:21-23; 3:1-6)

Versão Almeida Revista e Corrigida de 2009

Entendendo as razões da resistência de Mardoqueu através do texto bíblico

ESTER 2:21 – “Naqueles dias, estando Mardoqueu sentado à porta do rei, dois eunucos do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, muito se indignaram e procuraram pôr as mãos sobre o rei Assuero.
Este verso narra um incidente significativo no qual Mardoqueu descobre uma conspiração contra o rei Assuero. O versículo destaca a posição de Mardoqueu na corte real, onde ele estava “sentado à porta do rei“, um local associado à supervisão e à execução da justiça. Durante esse período, ele ouve sobre a indignação dos eunucos Bigtã e Teres, que tramavam assassinar o rei.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. יָשַׁב (Yashav) – *Sentado*.  Yashav significa sentar ou permanecer. No contexto de Ester 2:21, refere-se a Mardoqueu estar “sentado à porta do rei“, um lugar de vigilância e autoridade. Na cultura hebraica e na corte persa, estar “sentado à porta” era uma posição de responsabilidade e influência, frequentemente associada ao julgamento e à observação (Rute 4:1-2). Isso destaca o papel ativo de Mardoqueu na proteção do rei e na manutenção da ordem.
2. קָצַף (Qatsaph) – *Indignaram-se*. Qatsaph significa ficar indignado ou irado. O texto indica que Bigtã e Teres, os dois eunucos, ficaram profundamente irritados, a ponto de conspirar contra o rei. A palavra reflete um estado emocional intenso que levou à traição e à tentativa de assassinato. Na Bíblia, “qatsaph” é frequentemente usado para descrever uma ira que resulta em ações graves ou julgamento (2 Reis 13:19). Essa ira é perigosa e, como vemos no versículo, tem o potencial de provocar grandes consequências.
3. שָׁלַח יָד (Shalach Yad) – *Pôr as mãos*. Shalach Yad significa literalmente “estender a mão” ou “pôr as mãos”, usado aqui no sentido de tentar fazer mal a alguém, ou seja, uma tentativa de violência ou assassinato. Neste contexto, os eunucos planejavam “pôr as mãos” sobre o rei Assuero, implicando uma tentativa de assassinato. Esta expressão é usada em várias partes da Bíblia para descrever tentativas de agressão ou intervenção violenta (1 Samuel 24:6). Aqui, destaca a gravidade da conspiração contra o rei e o papel crucial de Mardoqueu ao descobrir e relatar o plano.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Rute 4:1-2: “Boaz subiu à porta, e sentou-se ali; e eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, desvia-te para cá, e assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.” A palavra “yashav” é usada aqui para descrever uma posição de autoridade e decisão, semelhante à posição de Mardoqueu à porta do rei.
2 Reis 13:19: “Então, o homem de Deus se irou muito contra ele, e disse: Se o tivesse ferido cinco ou seis vezes, feririas os siros até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os siros.” O termo “qatsaph” reflete uma ira que pode levar a ações de julgamento ou retaliação, como visto na conspiração dos eunucos contra o rei.
1 Samuel 24:6: “E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, que estenda a minha mão contra ele; pois é o ungido do Senhor.” A expressão “shalach yad” é usada para descrever a tentativa de violência, destacando o perigo de se levantar contra alguém em posição de autoridade.
Ester 2:21 revela um momento crítico na história de Ester, onde Mardoqueu desempenha um papel crucial ao descobrir uma conspiração contra o rei. As palavras “yashav”, “qatsaph” e “shalach yad” ajudam a entender o contexto de vigilância, indignação e a gravidade da ameaça contra a vida do rei. A posição de Mardoqueu à porta do rei simboliza sua responsabilidade e influência, enquanto a conspiração dos eunucos reflete a vulnerabilidade do poder real. Este versículo sublinha a importância da lealdade e da proteção divina, preparando o caminho para a ascensão futura de Mardoqueu na corte persa.

ESTER 2:22 – “E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu, e ele o fez saber à rainha Ester, e Ester o disse ao rei, em nome de Mardoqueu.
Esta porção textual destaca a fidelidade e a lealdade de Mardoqueu ao relatar a conspiração dos eunucos contra o rei Assuero. Ao saber do plano, Mardoqueu comunica a informação à rainha Ester, que por sua vez, avisa o rei, mencionando Mardoqueu como a fonte da informação. Este versículo demonstra a importância da comunicação e da confiança entre Ester e Mardoqueu, além de destacar a providência divina em proteger o rei por meio de Mardoqueu.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. יָדַע (Yada) – *Conhecimento*. “Yada” significa conhecer, saber ou perceber. No contexto de Ester 2:22, refere-se ao conhecimento que Mardoqueu adquiriu sobre a conspiração. Esta palavra sugere uma percepção profunda e uma consciência ativa de Mardoqueu em relação ao que estava acontecendo. O verbo “yada” é amplamente usado na Bíblia para descrever o conhecimento que conduz à ação, como o discernimento de José no Egito (Gênesis 41:39). Mardoqueu não apenas sabia da conspiração, mas agiu com base nesse conhecimento para proteger o rei.
2. נָגַד (Nagad) – *Fez saber*. “Nagad” significa declarar, anunciar ou tornar conhecido. Mardoqueu “nagad” a informação para Ester, que depois a transmitiu ao rei. Este verbo implica uma comunicação clara e eficaz, assegurando que a mensagem fosse entendida e levada a sério. A palavra é frequentemente usada na Bíblia para descrever a proclamação de mensagens importantes ou decretos, como na comunicação dos mandamentos de Deus ao povo (Êxodo 19:9). A capacidade de Mardoqueu de comunicar eficazmente a informação crucial sublinha sua sabedoria e discernimento.
3. שֵׁם (Shem) – *Nome*. “Shem” significa nome, e aqui se refere ao fato de que Ester relatou a conspiração ao rei “em nome de Mardoqueu“. Isso não apenas atribuiu crédito a Mardoqueu, mas também garantiu que sua lealdade fosse reconhecida. Na Bíblia, o “shem” de uma pessoa é frequentemente associado ao caráter e à reputação (Provérbios 22:1). A menção de Mardoqueu pelo nome no relato ao rei sublinha sua integridade e o papel crucial que desempenhou na preservação da vida do rei.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Gênesis 41:39: “Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.” Aqui, “yada” é usado para descrever o conhecimento que leva à ação, assim como o conhecimento de Mardoqueu sobre a conspiração.
Êxodo 19:9: “E disse o Senhor a Moisés: Eis que Eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando Eu contigo, e para que também te creiam eternamente. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do povo ao Senhor.” O verbo “nagad” é usado para descrever a comunicação clara e eficaz de uma mensagem importante, semelhante à comunicação de Mardoqueu com Ester.
Provérbios 22:1: “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro.” A importância do “shem“, ou nome, reflete a reputação e o reconhecimento que Mardoqueu ganhou ao ser mencionado por Ester ao rei.
Ester 2:22 sublinha a importância da comunicação fiel e da lealdade em tempos de perigo. As palavras “yada”, “nagad” e “shem” ressaltam o conhecimento diligente de Mardoqueu, sua habilidade em comunicar informações críticas, e a importância de reconhecer o mérito daqueles que agem corretamente. A ação de Mardoqueu ao informar a conspiração reflete sua integridade e sua devoção ao bem-estar do rei e do reino, características que são fundamentais para a narrativa de Ester e para a eventual elevação de Mardoqueu a uma posição de grande influência na corte persa.

ESTER 2:23 – “E inquiriu-se o negócio, e se descobriu; por isso ambos foram enforcados numa forca; e foi isso escrito no livro das crônicas perante o rei.
Neste verso temos a conclusão do relato da conspiração contra o rei Assuero, detalhando as consequências do plano descoberto por Mardoqueu e comunicado ao rei por Ester. Após a investigação, os conspiradores foram executados, e o evento foi registrado no livro das crônicas do rei, o que desempenha um papel significativo na trama futura da narrativa.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. בָּקַשׁ (Bâqash) – *Inquiriu-se*. “Bâqash” significa procurar, investigar ou inquirir. No contexto de Ester 2:23, refere-se à investigação que foi realizada para verificar a veracidade da conspiração. Esta palavra indica um processo meticuloso e diligente de busca pela verdade, refletindo o valor bíblico da justiça e da descoberta da verdade (Deuteronômio 13:14). O uso de “bâqash” sublinha a seriedade com que o rei tratou a denúncia feita por Mardoqueu, resultando em um julgamento justo.
2. תָּלָה (Talah) – *Forca*. “Talah” significa pendurar ou enforcar. No versículo, indica a forma de execução dos conspiradores, que foram enforcados como punição por sua traição. A palavra “talah” na Bíblia é frequentemente associada a formas de punição severa e pública, usada como um meio de justiça e como um exemplo para outros (Deuteronômio 21:22). Neste contexto, o enforcamento dos eunucos demonstra a justiça real e serve como um alerta para outros sobre as consequências de trair o rei.
3. סֵפֶר (Sefer) – *Livro*: “Sefer” significa livro ou rolo, e no contexto de Ester 2:23, refere-se ao livro das crônicas, onde o evento foi registrado. A palavra “sefer” é significativa porque destaca a prática de registrar eventos importantes para a memória histórica e para consultas futuras. Na Bíblia, registros escritos em “sefer” são fundamentais para a preservação da história e das leis (Êxodo 24:7). A anotação desse evento nas crônicas foi crucial para o desenvolvimento posterior da história, especialmente quando o rei revisita esses registros em Ester 6.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Deuteronômio 13:14: “Então inquirirás, e investigarás, e perguntarás com diligência; e eis que, sendo a verdade certa, que se fez tal abominação no meio de ti.” Este versículo reflete o processo de investigação rigorosa, semelhante à inquirição feita sobre a conspiração em Ester.
Deuteronômio 21:22: “Quando alguém houver pecado um pecado digno de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro,” A palavra “talah” é usada aqui para descrever a prática de enforcamento como punição, semelhante à execução dos conspiradores.
Êxodo 24:7: “E tomou o livro da aliança, e o leu aos ouvidos do povo; e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos.” O uso de “sefer” como um registro escrito, importante para a memória e a obediência, é paralelo ao registro no livro das crônicas em Ester 2:23.
Ester 2:23 conclui a narrativa da conspiração contra o rei Assuero, destacando a importância da investigação justa, da punição adequada e do registro fiel dos eventos. As palavras “bâqash”, “talah” e “sefer” sublinham o processo de inquirição, a execução dos culpados, e a preservação do acontecimento na história real. Este registro nas crônicas é um detalhe aparentemente simples, mas que terá um impacto profundo nos eventos futuros, evidenciando a providência divina que permeia toda a narrativa do livro de Ester.

ESTER 3:1 – “Depois destas coisas, o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu lugar acima de todos os príncipes que estavam com ele.
Este verso marca o início de um novo desenvolvimento na narrativa, onde Hamã, o agagita, é promovido pelo rei Assuero a uma posição de grande poder, acima de todos os outros príncipes do reino. Este versículo prepara o palco para o conflito central do livro, destacando a ascensão de Hamã e a ameaça que ele representará para o povo judeu.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. גָּדַל (Gadal) – *Engrandeceu*. “Gadal” significa crescer, tornar-se grande ou ser engrandecido. No contexto de Ester 3:1, refere-se à elevação de Hamã a uma posição de grande autoridade e poder. O verbo “gadal” é usado na Bíblia para descrever a exaltação de uma pessoa ou nação, frequentemente por razões divinas ou políticas (1 Samuel 2:7). A promoção de Hamã, descrita por “gadal“, destaca uma ação deliberada do rei, que irá desencadear uma série de eventos significativos na narrativa.
2. נָשָׂא (Nasa) – *Exaltou*. “Nasa” significa levantar, exaltar ou elevar. Aqui, “nasa” refere-se ao ato de exaltar Hamã a um status superior, acima dos outros príncipes. Esse verbo é frequentemente usado na Bíblia para descrever a elevação de uma pessoa a uma posição de autoridade ou honra (Isaías 52:13). A exaltação de Hamã é um elemento crítico da narrativa, pois cria a tensão necessária para o conflito entre ele e Mardoqueu.
3. נָשִׂיא (Nasi) – *Príncipe*. “Nasi” significa príncipe, líder ou chefe. No versículo, “nasi” refere-se aos líderes e príncipes da corte persa sobre os quais Hamã foi colocado. Na Bíblia, “nasi” é frequentemente usado para descrever líderes tribais ou figuras de autoridade (Ezequiel 45:8). A menção de “nasi” aqui sublinha a elevada posição de Hamã, que agora se encontra acima de todos os outros líderes do império, ampliando sua influência e poder.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
1 Samuel 2:7: “O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.” O uso de “gadal” e “nasa” neste versículo sublinha que a exaltação e o engrandecimento de uma pessoa são frequentemente vistos como parte do plano divino, mesmo quando realizados por reis humanos.
Isaías 52:13: “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.” O verbo “nasa” aqui descreve a exaltação do servo de Deus, uma elevação que, no caso de Hamã, será usada para fins egoístas e maliciosos.
Ezequiel 45:8: “Esta terra será a sua possessão em Israel; e nunca mais os meus príncipes oprimirão o meu povo; mas a terra darão à casa de Israel segundo as suas tribos.” A palavra “nasi” neste contexto refere-se aos príncipes que detêm poder e autoridade, semelhante ao grupo sobre o qual Hamã foi exaltado.
Ester 3:1 introduz um ponto crucial na história ao descrever a elevação de Hamã a uma posição de grande poder no império persa. As palavras “gadal“, “nasa” e “nasi” revelam a magnitude da promoção de Hamã, estabelecendo o cenário para o confronto que se seguirá entre ele e o povo judeu, particularmente Mardoqueu. Esta ascensão, embora realizada por decreto real, será utilizada por Hamã para perseguir seus próprios objetivos egoístas e genocidas, colocando-o em conflito direto com o plano divino de preservação de Israel.
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ESTER 3:2 – “E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã, porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
Neste verso temos a manifestação da tensão crescente entre Hamã e Mardoqueu, destacando a desobediência de Mardoqueu à ordem real de inclinar-se e prostrar-se diante de Hamã. Este versículo é fundamental, pois introduz a raiz do conflito que levará aos eventos dramáticos posteriores no livro de Ester. Mardoqueu, por razões não explicitadas no texto, mas possivelmente relacionadas à sua fé e identidade como judeu, recusa-se a honrar Hamã da maneira ordenada.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. כָּרַע (Kara) – *Inclinavam-se*. “Kara” significa dobrar, ajoelhar ou inclinar-se. No contexto de Ester 3:2, refere-se ao ato de se inclinar em reverência ou submissão diante de Hamã. O verbo “kara” é frequentemente usado na Bíblia para descrever atos de adoração ou submissão a Deus (Salmos 95:6) ou a outras figuras de autoridade. A recusa de Mardoqueu em “kara” diante de Hamã sugere uma resistência consciente a um ato que, para ele, poderia implicar idolatria ou desrespeito à sua fé.
2. שָׁחָה (Shachah) – *Prostravam-se*. “Shachah” significa prostrar-se, adorar ou curvar-se profundamente. Este verbo é usado no versículo para descrever um ato ainda mais profundo de reverência ou adoração, geralmente reservado para divindades ou figuras supremas. “Shachah” é muitas vezes associado à adoração a Deus na Bíblia (Êxodo 34:8). A recusa de Mardoqueu em “shachah” diante de Hamã sublinha sua rejeição a qualquer forma de adoração ou veneração que pudesse ser vista como contrária ao seu compromisso exclusivo com Deus.
3. מִצְוָה (Mitzvah) – *Ordenado*. “Mitzvah” significa mandamento, ordem ou decreto. Neste versículo, refere-se à ordem do rei para que todos se inclinassem e se prostrassem diante de Hamã. “Mitzvah” é um termo que carrega peso significativo na tradição judaica, sendo usado para descrever os mandamentos dados por Deus a Israel (Deuteronômio 6:1). A tensão entre a “mitzvah” do rei e a lealdade de Mardoqueu aos mandamentos de Deus destaca o conflito entre a autoridade terrena e a divina.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Salmos 95:6: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.” Aqui, “kara” e “shachah” são usados juntos para descrever a reverência devida somente a Deus, ecoando a razão pela qual Mardoqueu não se inclinou diante de Hamã.
Êxodo 34:8: “E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, e adorou.” O verbo “shachah” é usado para descrever a adoração de Moisés a Deus, um ato que Mardoqueu reserva unicamente para o Senhor, recusando-se a aplicá-lo a Hamã.
Deuteronômio 6:1: “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os façais na terra a que passais a possuir.” O termo “mitzvah” aqui sublinha a importância dos mandamentos divinos, contrastando com o decreto do rei, que Mardoqueu não podia seguir devido à sua fidelidade a Deus.
Ester 3:2 apresenta a primeira manifestação aberta de resistência de Mardoqueu ao poder de Hamã, estabelecendo o início do conflito central da narrativa. As palavras “kara”, “shachah”, e “mitzvah” sublinham a profundidade da ação de Mardoqueu, que, motivado por sua fé, rejeita a ordem do rei e se recusa a oferecer a Hamã a reverência que ele acredita ser devida somente a Deus. Este ato de desobediência civil marca o início de uma série de eventos que destacam a tensão entre a autoridade humana e a lealdade divina, preparando o palco para o drama que se desenrola no restante do livro de Ester.

ESTER 3:3 – “Então, os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a Mardoqueu: Por que transgrides o mandado do rei?
Ester 3:3 mostra os servos do rei questionando Mardoqueu sobre sua recusa em obedecer ao decreto real que ordenava que todos se inclinassem e prostrassem diante de Hamã. Este versículo revela que a desobediência de Mardoqueu era notável e, aparentemente, uma exceção visível entre aqueles que serviam na corte. O questionamento destaca a tensão crescente entre a lei do rei e a lealdade de Mardoqueu a seus princípios e crenças.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. עָבַר (Avar) – *Transgrides*. “Avar” significa passar, atravessar ou transgredir. No contexto de Ester 3:3, refere-se à violação ou desobediência de Mardoqueu à ordem do rei. Este verbo é usado na Bíblia para descrever a transgressão da lei ou de um mandamento, muitas vezes com conotações negativas (Levítico 26:43). A recusa de Mardoqueu é vista como uma “avara“, uma transgressão explícita do decreto real, o que intensifica a gravidade de sua ação.
2. דָּבַר (Dabar) – *Disseram*. “Dabar” significa falar ou dizer, e aqui refere-se à interrogação dos servos do rei dirigida a Mardoqueu. Na Bíblia, “dabar” é frequentemente utilizado para introduzir uma comunicação ou diálogo que é importante para o desenrolar dos eventos (Deuteronômio 1:1). O “dabar” dos servos do rei reflete a pressão social e a expectativa de conformidade com as ordens reais, e sua pergunta desafia a justificativa de Mardoqueu para desobedecer.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Levítico 26:43: “Mas a terra será abandonada por eles, e desfrutará os seus sábados, enquanto estiver assolada por causa deles; então, se renderão pela sua iniquidade, porque desprezaram os meus juízos, e as suas almas se enfadaram dos meus estatutos.” Aqui, “avar” é usada para descrever a transgressão das leis de Deus, paralela à “transgressão” de Mardoqueu em relação ao decreto real.
Deuteronômio 1:1: “Estas são as palavras que Moisés falou a todo o Israel, dalém do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar Vermelho, entre Parã, e Tofel, e Labã, e Hazerote, e Di-Zaabe.” “Dabar” é usada para introduzir um discurso ou diálogo importante, semelhante ao diálogo entre os servos do rei e Mardoqueu.
Ester 3:3 apresenta o questionamento dos servos do rei sobre a desobediência de Mardoqueu ao decreto de se inclinar e prostrar-se diante de Hamã. As palavras “avar”, “mitzvah” e “dabar” destacam a tensão entre a autoridade do rei e a lealdade de Mardoqueu a seus princípios e crenças. O “dabar” dos servos expressa uma expectativa de conformidade, enquanto a “avar” de Mardoqueu representa sua resistência a submeter-se a algo que ele vê como contrário à sua fé. Este versículo intensifica o conflito que se desenvolverá entre Mardoqueu e Hamã, mostrando que a lealdade de Mardoqueu a Deus supera sua obediência ao decreto real.

ESTER 3:4 – “E sucedeu que, dizendo-lhe eles isto de dia em dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de Mardoqueu se manteriam em pé; porque ele lhes tinha declarado que era judeu.
Temos aqui a descrição da persistência dos servos do rei em questionar Mardoqueu sobre sua recusa em obedecer ao decreto real. Quando Mardoqueu continua firme em sua posição, os servos informam Hamã, buscando verificar se Mardoqueu manteria sua recusa, especialmente porque ele havia revelado ser judeu. Este versículo é crucial porque mostra que a identidade judaica de Mardoqueu está diretamente ligada à sua recusa em se prostrar diante de Hamã, sinalizando que sua resistência tem fundamentos religiosos.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. אָמַר (Amar) – *Dizendo-lhe*. “Amar” significa dizer ou falar. Neste versículo, refere-se à repetição constante das perguntas e pressões dos servos do rei sobre Mardoqueu. O verbo “amar” é frequentemente usado na Bíblia para introduzir declarações importantes ou persistentes (Gênesis 1:3). Aqui, a repetição de “amar” enfatiza a pressão social contínua enfrentada por Mardoqueu para que ele se conformasse com a ordem real.
2. שָׁמַע (Shama) – *Dando ele ouvidos*. “Shama” significa ouvir ou prestar atenção. No contexto de Ester 3:4, indica que Mardoqueu não deu atenção às insistências dos servos do rei. Na Bíblia, “shama” pode significar tanto a ação física de ouvir quanto a disposição de obedecer ou seguir instruções (Deuteronômio 6:4). A recusa de Mardoqueu em “shama” sugere sua determinação e firmeza em não se curvar a algo que ele considerava errado, apesar da pressão contínua.
3. יַהֲדוּת (Yahadut) – *Judeu*. “Yahadut” refere-se à identidade judaica. O versículo menciona que Mardoqueu revelou ser judeu, o que é fundamental para entender sua recusa em se prostrar diante de Hamã. Na Bíblia, a identidade “Yahadut” é frequentemente associada à fidelidade a Deus e à observância da lei (Deuteronômio 7:6). Mardoqueu vê sua identidade judaica como incompatível com o ato de prostrar-se diante de Hamã, pois isso poderia ser visto como uma forma de idolatria ou uma violação dos mandamentos divinos.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Gênesis 1:3: “E disse Deus: Haja luz. E houve luz.” O uso de “amar” para introduzir uma declaração importante reflete a natureza persistente das pressões enfrentadas por Mardoqueu.
Deuteronômio 6:4: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” Aqui, “shama” enfatiza a importância de ouvir e obedecer a Deus, algo que Mardoqueu prioriza sobre as ordens humanas.
Deuteronômio 7:6: “Porque povo santo és ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra.” Este versículo destaca a singularidade do povo judeu (“Yahadut“) e sua relação especial com Deus, explicando a razão pela qual Mardoqueu não poderia se curvar diante de Hamã.
Ester 3:4 destaca a persistência dos servos do rei em pressionar Mardoqueu para que ele se conformasse com o decreto real, bem como a firme recusa de Mardoqueu em ceder, mesmo diante de tal pressão. As palavras “amar”, “shama”, e “yahadut” sublinham a determinação de Mardoqueu em manter sua integridade e identidade como judeu, recusando-se a realizar um ato que ele considerava uma violação de seus princípios religiosos. A revelação de sua identidade judaica adiciona uma dimensão religiosa e étnica ao conflito, preparando o terreno para a intensificação da oposição entre Mardoqueu e Hamã.

ESTER 3:5 – “Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, Hamã encheu-se de furor.
Nesta parte temos a reação de Hamã ao perceber que Mardoqueu se recusava a se inclinar e a prostrar-se diante dele, conforme ordenado pelo rei. A resposta de Hamã é de intensa raiva, revelando tanto seu orgulho ferido quanto o início de seu ódio por Mardoqueu e, por extensão, pelos judeus. Este versículo marca o momento em que a animosidade de Hamã se transforma em fúria, preparando o caminho para suas ações subsequentes contra Mardoqueu e seu povo.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. רָאָה (Ra’ah) – *Vendo*. “Ra’ah” significa ver ou perceber. No contexto de Ester 3:5, refere-se ao momento em que Hamã percebe que Mardoqueu não obedece ao decreto de se inclinar diante dele. “Ra’ah” pode indicar não apenas a ação física de ver, mas também a compreensão ou reconhecimento de algo (Gênesis 1:4). A percepção de Hamã sobre a desobediência de Mardoqueu é o que desencadeia sua raiva intensa.
2. חָרָה (Charah) – *Encheu-se de furor*. “Charah” significa acender, inflamar ou encher-se de raiva. Este verbo descreve a raiva intensa de Hamã ao descobrir que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele. “Charah” é frequentemente usado na Bíblia para descrever uma ira ardente ou uma raiva que conduz a ações subsequentes (Gênesis 4:5). A raiva de Hamã aqui é um prenúncio de sua decisão de buscar vingança não apenas contra Mardoqueu, mas contra todo o povo judeu.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
Gênesis 1:4: “E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.” Aqui, “ra’ah” é usada para descrever a percepção de Deus sobre a criação, refletindo o momento de percepção crucial para Hamã em relação à desobediência de Mardoqueu.
Gênesis 4:5: “Mas para Caim e para a sua oferta não atentou; irou-se, pois, Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.” “Charah” é usado para descrever a ira de Caim, que, como a de Hamã, leva a ações subsequentes de violência e vingança.
Ester 3:5 revela o ponto de virada em que Hamã percebe a recusa de Mardoqueu em se prostrar diante dele, levando-o a uma fúria intensa. As palavras “ra’ah”, “charah” sublinham a percepção, a reação emocional e o ato de reverência que Mardoqueu recusa a realizar. A ira de Hamã, descrita por “charah”, é o catalisador para os planos malignos que ele desenvolverá contra Mardoqueu e todo o povo judeu.

ESTER 3:6 – “Porém teve em pouco, nos seus olhos, o pôr as mãos só sobre Mardoqueu (porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir todos os judeus que havia em todo o reino de Assuero, ao povo de Mardoqueu.
Ester 3:6 revela a escalada da hostilidade de Hamã. Ao saber que Mardoqueu é judeu, Hamã decide que não é suficiente punir apenas Mardoqueu; ele planeja aniquilar todo o povo judeu no reino de Assuero. Este versículo destaca a magnitude do ódio de Hamã, transformando uma disputa pessoal em uma ameaça genocida contra uma nação inteira. O texto sublinha a iniquidade da vingança de Hamã, que, ao invés de ser dirigida a um indivíduo, é voltada contra todo um povo por causa de sua identidade compartilhada com Mardoqueu.
PALAVRAS-CHAVE EM HEBRAICO
1. בָּזָה (Bazah) – *Teve em pouco*. “Bazah” significa desprezar ou considerar algo sem valor. No contexto de Ester 3:6, Hamã “teve em pouco” a ideia de atacar apenas Mardoqueu; para ele, isso não era suficiente. Esse verbo é frequentemente usado na Bíblia para descrever o desprezo ou o desdém por algo que deveria ser respeitado (1 Samuel 2:30). A palavra reflete a profunda desvalorização que Hamã tinha não apenas por Mardoqueu, mas por toda a nação judaica.
2. יַד (Yad) – *Pôr as mãos*. “Yad” significa mão, e “pôr as mãos” aqui implica em um ato de violência ou captura. No versículo, refere-se ao desejo inicial de Hamã de atacar fisicamente Mardoqueu. “Yad” na Bíblia é frequentemente associado ao poder e à autoridade (Êxodo 9:3). Hamã considera o uso de sua “yad” contra Mardoqueu, mas decide que essa ação seria muito limitada, levando-o a expandir seu plano de destruição.
3. אַבַּד (Abad) – *Destruir*. “Abad” significa destruir, exterminar ou aniquilar. Hamã não se contenta em atacar Mardoqueu, mas decide “abad” todos os judeus do império. Este termo é usado na Bíblia para descrever destruição completa e total, muitas vezes com conotações de julgamento divino (Deuteronômio 7:24). A escolha de “abad” por Hamã indica sua intenção de obliterar completamente o povo judeu, uma decisão que caracteriza a malignidade de seu ódio.
REFERÊNCIAS BÍBLICAS
1 Samuel 2:30: “Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha dito eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora, diz o Senhor, longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” O uso de “bazah” aqui reflete o desprezo de Hamã, que não se satisfaz com uma vingança limitada.
Êxodo 9:3: “Eis que a mão do Senhor será sobre o teu gado, que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre o gado miúdo, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima.” “Yad” representa poder e ação direta, que Hamã inicialmente considera aplicar a Mardoqueu, mas depois decide ampliar.
Deuteronômio 7:24: “Também os seus reis te entregará nas mãos, e desfarás os seus nomes de debaixo dos céus; ninguém te poderá resistir, até que os destruas.” “Abad” aqui é um termo de destruição total, que Hamã aplica em seu plano genocida contra os judeus.
Ester 3:6 descreve a ampliação do ódio de Hamã de um conflito individual para um plano de genocídio. As palavras “bazah”, “yad” e “abad” revelam a profundidade de seu desprezo e a gravidade de suas intenções. Hamã considera insuficiente simplesmente punir Mardoqueu e, em vez disso, planeja exterminar todos os judeus do império, mostrando que seu ódio ultrapassa a pessoa de Mardoqueu para englobar todo o povo que compartilha sua identidade. O versículo marca um ponto crucial na trama, onde a inimizade de Hamã se torna uma ameaça existencial para a nação judaica.

Espero que este subsídio tenha lhe sido útil e desejo bons estudos e ótima aula!


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Silvio Costa
Evangelista (COMADEESO / CGADB), Articulista, Conferencista, Escritor, Conteudista (ESTEMAD), Professor de Teologia (SEET / FATEG) e Gestor Hoteleiro por Profissão
Saiba mais em Gospel Trends Autor: Costa, Silvio  
 

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