Lição 08: Jesus Viveu a Experiência Humana (Adultos CPAD 1º Trimestre 2025)

Comentário Exegético Profundo da Leitura Bíblica em Classe

João 1:43-51; Mateus 26: 37, 38, 42

Introdução

Este trecho apresenta a continuação do chamado dos primeiros discípulos de Jesus, evidenciando a importância do testemunho pessoal e da revelação espiritual. É significativo por revelar o conhecimento sobrenatural de Cristo e Sua autodeclaração como a escada entre o céu e a terra, evocando a visão de Jacó (Gênesis 28:12).

João 1:43 – “No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.”

  • “Quis” (ἠθέλησεν – ēthelēsen): Verbo no aoristo indicando uma decisão intencional de Jesus. Não foi um encontro casual, mas uma ação deliberada de buscar a Filipe. Isso revela o chamado soberano de Cristo.
  • “Segue-me” (ἀκολούθει μοι – akolouthei moi): O verbo akoloutheō significa “seguir como discípulo”, mas implica mais do que caminhar atrás — é adotar o ensino, a vida e a missão de Jesus. Aqui está a essência do discipulado: obediência e imitação.

João 1:44 – “E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.”

  • Betsaida (Βηθσαϊδά – Bēthsaida, “casa da pesca”): Localizada ao norte do mar da Galileia. Era uma cidade próspera, mas, mais tarde, foi condenada por Jesus devido à sua incredulidade (Mateus 11:21).
  • Esse detalhe conecta Filipe à comunidade de pescadores que já seguia Jesus, sugerindo a importância das relações pessoais na propagação do evangelho.

João 1:45 – “Filipe achou a Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.”

  • “Achamos” (εὑρήκαμεν – heurēkamen): Aoristo ativo de heuriskō, “descobrir” ou “encontrar após busca”. Filipe declara entusiasmo e convicção, evidenciando que o discipulado gera testemunho espontâneo.
  • “De quem Moisés escreveu” — Filipe conecta Jesus às profecias messiânicas (como Deuteronômio 18:15), mostrando que os discípulos tinham uma compreensão inicial da identidade de Jesus à luz do Antigo Testamento.
  • “Nazaré” (Ναζαρέτ – Nazaret): Uma vila insignificante, não mencionada no Antigo Testamento. Isso antecipa o ceticismo de Natanael, mas também ressalta a surpresa da graça de Deus: o Messias surge de onde menos se espera.

João 1:46 – “Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.”

  • “Pode vir” (Δύναταί – dunatai): Do verbo dunamai, indica dúvida sobre a possibilidade ou capacidade. Natanael expressa preconceito regional, refletindo uma visão comum na época.
  • “Vem e vê” (Ἔρχου καὶ ἴδε – Erchou kai ide): Convite típico no Evangelho de João (cf. João 4:29). Filipe não debate, mas convida Natanael a ter uma experiência pessoal com Cristo. Este é um princípio evangelístico poderoso: testemunho acompanhado de experiência direta.

João 1:47 – “Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.”

  • “Viu” (εἶδεν – eiden): Verbo no aoristo, que aqui sugere não apenas visão física, mas conhecimento penetrante. Jesus vê além do exterior, discernindo o caráter de Natanael.
  • “Verdadeiro” (ἀληθῶς – alēthōs): Termo que expressa autenticidade. Jesus reconhece em Natanael um homem íntegro, alinhado à fé israelita genuína.
  • “Dolo” (δόλος – dolos): Significa engano ou fraude. Natanael é apresentado como um homem de coração sincero — essencial para receber a revelação espiritual.

João 1:48 – “Disse-lhe Natanael: De onde me conheces? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi, estando tu debaixo da figueira.”

  • “Conheces” (γινώσκεις – ginōskeis): Do verbo ginōskō, que significa conhecer profundamente, não apenas observar. Natanael percebe que Jesus o conhece além da superfície.
  • “Debaixo da figueira” (ὑπὸ τὴν συκῆν – hypo tēn sykēn): Culturalmente, era comum os judeus orarem e meditar nas Escrituras sob a sombra de uma figueira. Pode indicar que Natanael estava em comunhão com Deus, talvez refletindo sobre as promessas messiânicas.

João 1:49 – “Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.”

  • “Rabi” (Ῥαββί – Rhabbi): Título de respeito que significa “mestre”. O reconhecimento é imediato, pois a revelação foi impactante.
  • “Filho de Deus” (ὁ Υἱὸς τοῦ Θεοῦ – ho Huios tou Theou): Um título messiânico com implicações divinas. Natanael reconhece a identidade celestial de Jesus.
  • “Rei de Israel” (ὁ Βασιλεὺς τοῦ Ἰσραήλ – ho Basileus tou Israēl): Declaração política e profética. Natanael, um israelita sincero, reconhece Jesus como o cumprimento das esperanças nacionais do povo judeu.

João 1:50 – “Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.”

  • “Crês?” (πιστεύεις – pisteueis): Do verbo pisteuō, “ter fé”. Jesus desafia a fé de Natanael a crescer além do sinal recebido.
  • “Coisas maiores” (μείζω τούτων – meizō toutōn): Jesus promete que este é apenas o início das maravilhas que Natanael testemunhará, antecipando a revelação progressiva do Evangelho.

João 1:51 – “E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”

  • “Na verdade, na verdade” (Ἀμὴν ἀμὴν – Amēn amēn): Expressão hebraica transliterada, usada por Jesus para enfatizar a certeza e autoridade de Suas palavras.
  • “Vereis” (ὄψεσθε – opsesthe): Verbo no futuro (2ª pessoa plural), indicando que esta visão é coletiva, destinada a todos os discípulos.
  • “O céu aberto” (τὸν οὐρανὸν ἀνεῳγότα – ton ouranon aneōgota): Simboliza a comunicação entre o céu e a terra, uma alusão direta à visão da escada de Jacó (Gênesis 28:12).
  • “Subindo e descendo” (ἀναβαίνοντας καὶ καταβαίνοντας – anabainontas kai katabainontas): A linguagem simbólica aponta para a mediação de Cristo entre Deus e os homens. Ele é a verdadeira escada, o único caminho para o Pai (João 14:6).
  • “Filho do Homem” (ὁ Υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου – ho Huios tou anthrōpou): Título messiânico que enfatiza tanto a humanidade quanto a autoridade escatológica de Cristo, remetendo a Daniel 7:13-14.

Conclusões Teológicas:

  • Cristologia: O trecho ressalta a identidade de Jesus como o Messias, Filho de Deus e Rei de Israel. Sua onisciência e autoridade são evidentes.
  • Discipulado: O chamado é pessoal, mas o testemunho gera mais discípulos. Filipe foi chamado diretamente, mas Natanael foi alcançado pelo testemunho.
  • Revelação Progressiva: Jesus se revela inicialmente como Mestre, mas rapidamente como o cumprimento das profecias e a escada entre o céu e a terra.

Aplicações:

  • Testemunho pessoal: Assim como Filipe, devemos convidar outros a “vir e ver” Jesus.
  • Superação de preconceitos: Natanael ensina que, diante da revelação de Cristo, nossos pré-julgamentos desaparecem.
  • Crescimento espiritual: A fé que começa com um pequeno sinal deve amadurecer para contemplar “coisas maiores” em Cristo.

Aplicativo do PregadorLição 08: Jesus Viveu a Experiência Humana (Adultos CPAD 1º Trimestre 2025) 2

Mateus 26: 37,38, 42

Introdução

O contexto é a noite da traição de Jesus, após a última ceia. Jesus se dirige ao Getsêmani (do aramaico Gat-Šmānê, “prensa de azeite”), local que simboliza profunda pressão emocional e espiritual. Essa passagem revela a humanidade de Cristo diante da iminente crucificação e Sua plena submissão à vontade do Pai.

Mateus 26:37 – “E, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.”

  • “Levando consigo” (παραλαβὼν – paralabōn): Do verbo paralambanō, “tomar ao lado, levar junto”. Este é um convite à intimidade. Jesus separa Pedro, Tiago e João, o mesmo círculo íntimo da transfiguração (Mateus 17:1), revelando-lhes agora Sua agonia.
  • “Começou” (ἤρξατο – ērxato): Aoristo médio, enfatiza que Jesus mesmo inicia ativamente esse momento de angústia. A aflição não é imposta, mas acolhida voluntariamente.
  • “Entristecer-se” (λυπεῖσθαι – lypeisthai): Do verbo lypeō, que significa “estar profundamente aflito” ou “sofrer tristeza”. É a mesma raiz usada para descrever a dor dos discípulos ao ouvir sobre a traição (Mateus 26:22). Aqui, expressa a dor emocional extrema de Cristo.
  • “Angustiar-se muito” (ἀδημονεῖν – adēmonein): Palavra rara no Novo Testamento, denota profunda ansiedade e pavor. Carrega a ideia de ser “oprimido por um fardo”. Este termo destaca o peso existencial da missão que Jesus está prestes a cumprir.

Mateus 26:38 – “Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e velai comigo.”

  • “A minha alma” (ἡ ψυχή μου – hē psychē mou): Psychē refere-se à essência da vida, incluindo emoções e sentimentos. Jesus expõe o mais profundo de Seu ser, em total vulnerabilidade diante dos discípulos.
  • “Cheia de tristeza” (περίλυπός – perilypos): Composto de peri (“ao redor”) e lypē (“tristeza”), transmite a ideia de estar “cercado” ou “envolto” por tristeza. É uma angústia total, que atinge o corpo, a alma e o espírito.
  • “Até à morte” (ἕως θανάτου – heōs thanatou): Expressão que indica o nível extremo do sofrimento, tão profundo que parece trazer a própria morte. É uma antecipação da separação e do abandono que ocorrerá na cruz (Mateus 27:46).
  • “Velai comigo” (γρηγορεῖτε μετ’ ἐμοῦ – grēgoreite met’ emou): O verbo grēgoreō significa “vigiar”, “estar alerta”. Mais do que uma vigília física, é um chamado espiritual para permanecer em oração e comunhão diante da crise iminente.

Mateus 26:42 – “E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.”

  • “Indo segunda vez” (πάλιν ἐκ δευτέρου – palin ek deuterou): A repetição da oração simboliza a intensidade do conflito e a persistência na busca pela vontade do Pai.
  • “Orou” (προσηύξατο – prosēuxato): Verbo no aoristo, que indica uma ação completa e resoluta. Aqui vemos a oração como ato de rendição e entrega total.
  • “Cálice” (ποτήριον – potērion): No Antigo Testamento, o cálice é símbolo da ira divina (Salmo 75:8; Isaías 51:17). Aqui, representa o sofrimento vicário, o peso do pecado da humanidade que Jesus estava prestes a tomar sobre Si.
  • “Não pode passar” (οὐ δύναται παρελθεῖν – ou dynatai parelthein): Expressa a impossibilidade de outro caminho para a redenção. A cruz é inevitável, pois é o plano eterno para a salvação da humanidade.
  • “Faça-se a tua vontade” (γενηθήτω τὸ θέλημά σου – genēthētō to thelēma sou): Aoristo passivo imperativo, expressa total submissão. Jesus, como segundo Adão (Romanos 5:19), escolhe obedecer ao Pai, revertendo a desobediência de Adão no Éden (Gênesis 3:6).

Teologia e Aplicações:

  • Cristologia: A passagem revela a plena humanidade de Jesus. Ele sente tristeza, angústia e dor, mas também demonstra perfeita submissão ao Pai. Ao mesmo tempo, Sua onisciência e consciência do plano eterno ressaltam Sua divindade.
  • Soteriologia: O “cálice” que Jesus aceita representa a expiação substitutiva. Ele toma sobre Si a ira de Deus para que os crentes possam receber graça.
  • Eclesiologia: O pedido para “vigiar” com Ele ensina à Igreja a importância da oração em tempos de provação. A sonolência dos discípulos (Mateus 26:43) alerta sobre o perigo da negligência espiritual.
  • Espiritualidade: A perseverança na oração diante do sofrimento é modelo para os crentes. Jesus ora três vezes, ensinando que a rendição à vontade de Deus é um processo contínuo.

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