Lição 7 – A Queda do Ser Humano
Claudionor de Andrade
1º Trimestre de 2020
ESBOÇO GERAL
I – O LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO
II – A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL
III – AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DE ADÃO
A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL
A apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina. Nesse episódio, registrado em Gênesis capítulo três, ressaltam-se a possibilidade da Queda, a realidade da tentação e a historicidade da apostasia de nossos primeiros genitores. Deixamos claro que, embora possa haver confrontos entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina, não há incompatibilidade entre ambos. Quando vivemos uma vida direcionada pelo Espírito Santo, nosso arbítrio, apesar de livre e desimpedido, só tem uma tendência: servir, louvar e enaltecer a Deus.
1. A possibilidade da Queda. Em sua inquestionável soberania, Deus criou Adão e Eva livres, facultando-lhes o direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do Senhor, concernente à árvore da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn 2.16,17). Se eles optassem por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências de seu ato: a morte espiritual seguida da morte física.
Não sabemos por quanto tempo, nossos protogenitores residiram no Jardim do Éden. A esse respeito, a Bíblia cala-se mui sabiamente. Mas acredito que foi o suficiente para Adão e Eva conhecerem a Deus e, com Ele, manterem profunda e doce comunhão.
Na viração do dia, o Senhor se lhes aparecia, para conversar e ensinar a cuidar do planeta recém-inaugurado, pois, naqueles idos, tudo era novo: a Terra, as plantas, os animais e o próprio ser humano. E, por ser tudo novo, tudo requeria cuidado e desvelo. Sim, querido leitor, tudo requeria desvelo e cuidado, inclusive o coração de Adão e Eva. Por desconhecerem ainda os efeitos nefastos do pecado, a possibilidade de eles pecarem era ainda maior, pois a tentação era-lhes uma ameaça sempre presente, ainda que não a pressentissem.
2. A realidade da tentação. Ao ser tentada pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de Satanás — a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). No instante seguinte, a mulher, já instrumentalizada pelo Diabo, levou o esposo a pecar, e este voluntariamente pecou (1 Tm 2.14). Tendo em vista a representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado no mundo (Rm 5.12).
Será que, àquelas alturas, Adão e Eva já tinham algum conhecimento acerca do que ocorrera nos Céus — a rebelião do querubim ungido e a sua consequente expulsão das moradas divinas? Sabiam eles, por acaso, que o mais celebrado dos anjos tornara-se um adversário formidável e perigoso, pronto a arruinar toda a criação divina?
Não sabemos até que ponto ia o seu conhecimento angelológico. Todavia, eu não preciso ser especialista em satanologia, a fim de precaver-me quanto às astutas ciladas do Inimigo; basta-me esta advertência de Pedro:
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. (1 Pe 5.8,9, ARA)
Estejamos, pois, alertas quanto às artimanhas de Satanás. Por meio de sua dialética, quer política, quer teológica, vem ele destruindo lares, nações e igrejas. O Inimigo, seja opondo-se sistematicamente aos santos, seja lançando calúnias muito bem urdidas entre os redimidos, é astutíssimo em suas ciladas (Ef 6.11).
Tendo em vista o pecado que tão de perto nos assedia, oremos e vigiemos, para não nos enredarmos nas teias de Satanás. Sim, querido leitor, há a possibilidade de virmos a cair, conforme o apóstolo Paulo alertou os irmãos de Corinto: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3, ARA).
Se por um lado, há a possibilidade de o crente vir a fracassar na vida cristã; por outro, há uma possibilidade, ainda maior, de nos preservarmos, na força do Espírito Santo, até o dia de nossa redenção. Consolemo-nos, pois, nestas palavras de Judas:
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! (Jd 24, ARA)
3. A historicidade da Queda. A narrativa da Queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico confiável (2 Co 11.3; Rm 15.4). Aliás, se não aceitarmos a literalidade dos primeiros 11 capítulos de Gênesis, não teremos condições de entender o restante da História Sagrada. Tratemos, com temor e tremor, a Bíblia Sagrada — a inspirada, a inerrante, a infalível e a completa Palavra de Deus.
A hermenêutica pós-moderna, manejando ferramentas e armas forjadas no inferno, ataca impiedosa e malignamente os 11 primeiros capítulos de Gênesis, como se tais passagens fossem meras parábolas morais. E, dessa forma, em repetidos e monótonos golpes, intenta destruir as bases, as colunas e o majestoso edifício da soteriologia bíblica. O que esses pretensos exegetas e hermeneutas não sabem é que a Doutrina da Salvação, qual penha de comprovada solidez, jamais será desgastada por seus martelos. Antes, como já tem ocorrido tantas vezes, são estes a se agastarem, e não aquela, porquanto o Calvário, apesar desses dois milênios já decorridos, continua tão firme hoje, quanto na tarde em que o Filho de Deus, entregando o Espírito ao Pai, exclamou: “Está consumado”.
Querido irmão, ao ler o Gênesis, o aceite, desde o primeiro até ao último versículo, exatamente como este livro é: uma narrativa histórica, verídica, fiel e literal. Caso contrário, todas as nossas doutrinas serão desacreditadas, porquanto todas elas, sem qualquer exceção, têm a sua origem justamente nos primeiros 11 capítulos dessa maravilhosa obra divina. Direta ou indiretamente, todas as verdades concernentes à nossa salvação estão ali: da criação do mundo à dispersão de Babel.
Texto extraído da obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”, editada pela CPAD.
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