
Lideranças comentam sobre Michelle Bolsonaro ser o nome da direita para 2026

Para senadora Damares Alves, por exemplo, Michelle reúne características que a tornam uma porta-voz natural do conservadorismo, especialmente por ser mulher, evangélica e popular entre o eleitorado feminino
Por Flávia Fernandes (Revista Comunhão)

Clique Aqui
Com Jair Bolsonaro sob medidas restritivas que incluem a proibição de uso de redes sociais e a imposição de tornozeleira eletrônica, o Partido Liberal (PL) vive um momento de tensão e indefinição sobre quem deve assumir a linha de frente da direita no país. Parte da legenda considera que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deve ocupar esse espaço, enquanto outros resistem à ideia de substituição de liderança.
A senadora Damares Alves é uma das vozes que mais defendem o protagonismo de Michelle. Segundo ela, é hora de “uma nova liderança conservadora se levantar para reagir politicamente com equilíbrio e coragem”. Para Damares, Michelle reúne características que a tornam uma porta-voz natural do conservadorismo, especialmente por ser mulher, evangélica e popular entre o eleitorado feminino.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada em julho mostra que Michelle tem 19% das intenções de voto em um eventual primeiro turno para a presidência em 2026. Ela aparece atrás apenas de Lula, com 30%, e à frente de Tarcísio de Freitas, que pontua com 15%. Apesar do bom desempenho, o nome de Michelle não é consenso dentro do PL. Durante coletiva da oposição, o senador Wellington Fagundes defendeu que ela assuma maior protagonismo.
A fala gerou reações imediatas. O deputado Paulo Bilynskyj rebateu afirmando que “nosso candidato é o Bolsonaro” e que “a posição do senador não representa a opinião da maioria”.
Declarações públicas
A ex-primeira-dama tem evitado declarações públicas desde a operação da Polícia Federal que atingiu sua família. Segundo relatos, ela estava em casa, de pijama, quando os agentes chegaram. Em vez de se pronunciar sobre o episódio, preferiu compartilhar um versículo bíblico. Desde então, segue com a agenda do PL Mulher e mantém críticas ao governo federal, mas sem entrar no debate sobre sucessão ou liderança.
Michelle é vista como uma figura em ascensão, mesmo sem nunca ter disputado uma eleição. Parte do partido acredita que o Senado pelo Distrito Federal seria um caminho mais prudente para sua entrada formal na política. Outros, porém, veem nela a chance de renovar o bolsonarismo com uma nova linguagem e um novo rosto.
LEIA MAIS
Curitiba pretende usar Bíblias como recurso complementar dos estudosO texto prevê que a Bíblia seja usada apenas como material paradidático, respeitando os projetos pedagógicos das instituições e sem caráter obrigatório
Liderança critica documentário que fala da participação evangélica na políticaNa opinião dos pastores, o filme da Netflix é uma tentativa da esquerda brasileira atacar a influência evangélica no país
Para o pastor Laércio Castro, da Igreja Batista da Vila Nova, no Maranhão, Michelle representa mais do que uma eventual substituição. Ele acredita que ela se formou politicamente no convívio com a família. “Ela tem se moldado nos bastidores da maior escola da vida pública: sua casa, ao lado de um dos maiores líderes do país”, afirmou.
O pastor também destaca que “sua trajetória revela uma mulher que, com ou sem protagonismo imediato, tem todas as condições para se destacar como uma das maiores líderes do Brasil, representando as mulheres cristãs no poder”.
Essa visão é questionada por outras lideranças evangélicas. Para o diácono Jonatas Nascimento, da Primeira Igreja em Maricá, RJ, Michelle ainda não está pronta. “Não, porque Michelle Bolsonaro está verde para esse cargo. Ademais, se fosse o caso, já viria com a marca da rejeição. Afinal, a missão do sistema é exterminar não somente o Jair Bolsonaro, mas todos os que estiverem do seu lado. Só não vê quem não quer”, afirmou.
A possibilidade de candidatura ao Senado pelo Distrito Federal também está em debate. Parte do PL acredita que esse seria um caminho mais prudente para sua entrada formal na política, considerando que ela nunca disputou uma eleição. Outros, porém, veem nela a chance de renovar o bolsonarismo com uma nova linguagem e um novo rosto.
O pastor Marcos Soares Gonçalves, presidente do Conselho Nacional Cristão de Participação Política, acredita que Michelle pode ser a figura certa para ocupar esse espaço. “A corda está mais que esticada e o STF resolveu dobrar a aposta. Com a voz de Bolsonaro impedida, Michelle pode ocupar esse vácuo com autenticidade e fé”, declarou. Para ele, a ex-primeira-dama pode ser “a Ester que estamos precisando para defender os interesses do povo que ama e do qual faz parte”.
Quando questionado sobre o papel da igreja no incentivo à participação política das mulheres, Jonatas Nascimento mostra ceticismo. “Não consigo ver a igreja contribuindo de forma efetiva, a ponto de exercer uma liderança influenciadora. O que vemos, salvo exceções, são pessoas que se valem do prestígio do ambiente eclesiástico e acabam cuidando do seu metro quadrado”, afirmou.
Para ele, a falta de protagonismo é um problema antigo. “Para quem achar que estou exagerando, volte 10, 20 ou 30 anos e verá a igreja não tem exercido o seu protagonismo”.
Enquanto o PL continua dividido e Jair Bolsonaro segue impossibilitado de se manifestar publicamente, Michelle Bolsonaro permanece em silêncio estratégico. Resta saber se ela irá romper esse silêncio para assumir um papel central na reorganização da direita ou se seguirá apenas como símbolo de apoio, mantendo-se nos bastidores da disputa.
Relacionado

É autor, professor e palestrante, formado em pedagogia e teologia, escritor e Editor do Portal EBD Interativa.




















ESTE ARTIGO FOI ÚTIL? SIM