“Música Secular”: É certo ouvir este som?
"Música Secular": É certo ouvir este som? Colocar como fundo musical de declarações?
[vc_row][vc_column][vc_column_text]”Só escuto músicas evangélicas”. ”Não vejo mal em escutar CD’s de cantores do meio secular”. ”O diabo roubou a música de Deus”. Estas são algumas das frases que se ouve no meio cristão quando o assunto gira em torno de músicas produzidas no chamado ”meio secular”, ou seja, canções compostas por artistas que não partilham da fé cristã ou pelo menos não tiveram a intenção de demonstrá-la em seus trabalhos.
Há décadas o tema levanta discussões não somente entre músicos, mas também pastores, adolescentes, pais e filhos de inúmeras igrejas evangélicas. Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o cantor Zeider e o pesquisador Daniel Mastral deram suas opiniões e testemunharam a respeito dos efeitos da música sobre o ser humano.
Vocalista do grupo de Reggae Planta e Raiz, Zeider falou sobre a importância da música em seu trabalho e como ele lida com músicas que não são oficialmente denominadas como evangélicas. Apesar de ser cristão protestante, o cantor não exerce um trabalho que ganhe o título de evangélico e afirmou que para que uma canção seja edificante, ela não precisa ser especificamente evangélica, mas sim ter um conteúdo edificante, acima de tudo.
”Sempre gostei de música que tem conteúdo e mensagens que podem transformar o ser humano de forma positiva. Eu sou cristão e também compositor da banda. Muito do que aprendo com Jesus é citado nas letras de uma forma despojada, para que todas as pessoas, independente da religião que vivem, possam assimilar a mensagem e se conscientizar”, declarou o artista.
Dificuldades
Em seu depoimento, Zeider fala que ser músico cristão e não trabalhar no meio gospel gerou reprovações de muitas pessoas em relação a seus projetos e ainda afirmou que isso não foi suficiente para que ele desistisse da missão que acredita haver em seu trabalho.
”Infelizmente aconteceu algumas vezes [sofrer preconceito], mas sempre de forma indireta, o que é mais triste ainda é que a religiosidade é muito grande no nosso meio, mas Cristo tem revelado sua simplicidade aos que o buscam de todo coração, e essa é minha loucura: ser Luz nesse mundo”, afirmou.
Princípios
Em suas composições, Zeider busca falar de princípios bíblicos como o amor incondicional, a paz acima de qualquer entendimento humano, a amizade e a preservação da natureza, ainda que o nome de Jesus não seja sempre especificamente citado. O cantor confessou que acredita na eficácia de músicas assim para que pessoas ”resistentes ao evangelho” assimilem uma boa mensagem.
”Eu acredito que essa é uma boa forma não só de edificar, mas também de transformar vidas, pois assim a mensagem do amor verdadeiro alcança pessoas que talvez nunca irão numa igreja evangélica”, assumiu.
Inconsciente humano
Pesquisador de assuntos que envolvem o inconsciente humano, o escritor e ex-satanista Daniel Mastral falou sobre as reações que o cérebro pode ter diante de formações melódicas em composições músicais, ainda que sejam somente em formato instrumental (sem letra). Em seu depoimento, o estudioso citou sensações que a música pode estimular na mente ao ser reproduzida e ouvida por alguém.
”Nosso cérebro é programado para interagir com o meio externo, e reagir a ele. Se o estímulo é positivo temos a sensação de bem estar, e produzimos substancias que nos dão prazer; dopamina, endorfina etc. Muitas frequências sonoras contém batidas rítmicas que se aproximam com nosso sistema cardíaco. Aos poucos podem aumentar ou diminuir esta frequência, excitando ou relaxando o nosso cérebro. No tocante ao ritmo é assim que reagimos”, alertou.
Ao falar sobre o poder que a música tem para estimular sensações em seus ouvintes, Daniel citou o caso de uma música clássica, composta com uma intenção específica e como ela consegue alcançar tal objetivo: desenvolver um sentimento de angústia em quem a ouve.
”Um clássico disso é o adágio de Samuel Barber, que propositalmente causa sensação de profunda angústia. O objetivo era de proporcionar ao ouvinte a sensação de terror que o povo Judeu sofreu ao longo dos séculos de perseguição. O modelo usado é não concluir a frase músical, dando a sensação de ‘incontinuidade’. Esta mesma técnica pode ser utilizada para produzir sensações de depressão, melancolia, ira etc”, expôs.
Ao falar de músicas que contém letra claramente dita, Mastral lembra a realidade das músicas da atualidade, que enfatizam prostituição, drogas, violência e até mesmo as de conteúdo subliminar. O estudioso lembrou que canções assim incentivam, ainda que, inconscientemente as pessoas a tomarem atitudes que desagradam o coração de Deus.
”Para quem ouve, há um condicionamento, muitas vezes involuntário, a tomar atos agressivos. Vemos isso com frequência no transito. Ouvir músicas com conteúdos agressivos potencializa a agressividade. Para quem cria estas melodias, evidente, há já instalado no coração algum tipo de contaminação, ou mágoa não resolvida”, lembrou.
Edificante ou não?
Como é possível reconhecer uma música que pode chegar a ser, de alguma forma, prejudicial? Ao ser questionado com tal pergunta, Daniel Mastral afirmou que é importante analisar a mensagem que a canção traz pela letra e citou as músicas evangélicas como exemplos de materiais que provavelmente tenham mais componentes edificantes para seus ouvintes.
”Música é um conjunto, precisa ter conteúdo como um todo. Julgo importante avaliar a letra, a mensagem. ‘Ela edifica ou não?’ E indo por este rumo de raciocínio vamos chegar a conclusão que as músicas evangélicas tem mais elementos, como se fossem mais ‘vitaminas’ para fortalecer o Homem Espiritual”, afirmou.
Apesar de colocar as músicas denominadas cristãs como possíveis canais de fortalecimento espiritual, o escritor lembrou que ainda assim o senso crítico se faz indipensável, pois segundo ele, ”há algumas [músicas colocadas entre as da linha gospel] que não expressam a verdadeira adoração e louvor a Deus”.
”O que agrada ao Pai é adoração. Não é o espetáculo. Se a motivação for ir a um Show de uma banda Gospel para ver uma mera apresentação teatral, e não buscar verdadeiramente agradar ao Pai, com a verdadeira adoração. Seremos meros sinos que retinem. Produziremos sons, vozes, mas não adoração. O que não edifica”, alertou.
Finalizando o seu raciocínio, Mastral lembrou a importância de não perder o foco e analisar criteriosamente qualquer situação, antes de tomar uma atitude. Imaginar Jesus Cristo em tal circunstância e qual posicionamento Ele teria, é uma estratégia que pode ser útil, segundo o estudioso.
”Em suma, o que edifica, acima de tudo, é amar os que Deus ama, e repudiar o que Deus repudia. Assim, seremos espelhos da vontade de Deus na terra e podemos refletir a luz de Cristo a aqueles que estão em trevas. Para tudo que faço, penso antes: ‘O que Jesus faria?”, ressaltou.
Por João Neto – www.guiame.com.br[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]