
O Jesus das igrejas ou o Jesus da bíblia?
Como vencer as caricaturas criadas pelo nosso próprio púlpito

Por Thiago Bertelle
Em um mundo onde a imagem tem mais peso do que a essência, não é de se espantar que até mesmo Jesus tenha sido redesenhado. Em muitos púlpitos e comunidades, o Cristo apresentado não é o das Escrituras, mas uma caricatura conveniente, feita sob medida para o gosto da cultura e da audiência. Há o Jesus motivador, sempre pronto a levantar a autoestima do público. Há o Jesus político, que parece ter partido e ideologia. E há ainda o Jesus passivo, que nunca confronta, nunca exige, nunca fala sobre pecado. Mas o que mais assusta não é o mundo criar suas distorções. É a própria igreja fazer isso de dentro para fora, substituindo a cruz por slogans e a verdade por simpatia.

Quando o púlpito molda um Jesus inofensivo, o discipulado se torna fraco. Quando pregamos um Cristo que só afirma, mas não transforma, estamos alimentando uma geração de simpatizantes, não de seguidores. E o mais grave é que estamos traindo a revelação do próprio Deus. O apóstolo Paulo já nos alertava sobre esse risco ao falar sobre outro evangelho e outro Jesus. A mensagem central do cristianismo não é sobre comportamento positivo, mas sobre um Salvador crucificado. O centro não é o nosso desempenho, é a graça que nos alcança mesmo quando falhamos. É na cruz, e não na performance, que o cristão encontra redenção. E é no arrependimento, não na autoestima, que começa a verdadeira transformação.
Mas por que temos criado esses “Jesus alternativos”? Porque o verdadeiro é ofensivo. Ele não negocia com o pecado. Ele exige arrependimento. Ele chama para negar a si mesmo. Ele desinstala, desorganiza, desacomoda. E para uma geração que ama conveniência, esse Cristo parece duro demais. Por isso, criamos um mais simpático, mais suave, mais domesticado. Um que cabe em nossas agendas e não exige mudança de rota. Um Cristo que nos segue, mas que raramente nos lidera. Um que agrada aos domingos, mas que não confronta de segunda a sábado.
O problema é que esse Jesus reinventado pode até lotar auditórios, mas não cura corações. Pode emocionar multidões, mas não reconcilia com o Pai. Pode inspirar frases de efeito, mas não transforma ninguém de verdade. Só o Cristo verdadeiro salva. E esse Cristo pode até escandalizar, mas Ele restaura. Pode até confrontar, mas Ele liberta. Pode até doer, mas Ele cura. Ele não apenas convida para uma nova vida, Ele entrega uma nova identidade.
A igreja contemporânea precisa urgentemente de uma volta à centralidade de Cristo. E não estamos falando de um Cristo genérico, mas do Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, que andou com pecadores, ensinou com autoridade, morreu em nosso lugar e ressuscitou em glória. Precisamos abrir as Escrituras e permitir que elas moldem a nossa visão, e não o contrário. Precisamos voltar a pregar o Evangelho completo, não apenas as partes que agradam. O povo de Deus não precisa de um Jesus moldado à imagem da cultura, mas da imagem viva do Deus que transforma a cultura pelo poder da cruz.
Fonte: Thiago Bertelle França é Autor de livros e materiais de estudo sobre a importância da intimidade com Jesus, incluindo “Simplesmente Jesus” – Comunhao
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É autor, professor e palestrante, formado em pedagogia e teologia, escritor e Editor do Portal EBD Interativa.





















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