Pode um cristão abraçar ideologias?
A ideologia é um “sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos” (Houaiss).
Ou, resumindo, o ideólogo é outro nome para um religioso. E essa religião pode ter como deus a moral, o dinheiro, o progresso, a ciência, a igualdade, a liberdade, o Estado, o feminino, o meio ambiente, o indivíduo, a sexualidade, etc. O ideólogo é um crente, secular ou não, mas é um crente.
Abraçar uma ideologia e se comprometer com ela é tomar para si outro senhor. Toda ideologia exige do homem um compromisso com uma visão de mundo. Cristo Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.” (Mateus 6.24). Ou seja, o nosso compromisso é apenas com Cristo que deve assumir a primazia em toda a nossa vida.
Toda ideologia só destaca uma ou outra faceta da graça comum. Um conservador valoriza a tradição, um liberal a liberdade e um progressista exaltará a igualdade. Todavia, ao valorizar tanto um aspecto da graça o ideólogo causa distorções. A falta de moderação é a tônica de um ideólogo, pois não há moderação diante de um deus. Todo ideólogo levanta uma bandeira aparentemente virtuosa, mas a sua missão é totalizar aquela virtude a todos os homens. Eis aí a tragédia de todo idealista.
O cristão tem como centro a pessoa de Cristo Jesus. E Cristo está acima das ideologias, não só em qualidade, mas como juiz de toda ideia, ideal e doutrina.
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