Professores Desnecessários à Igreja: O leigo-desleixado
O primeiro não foi ordenado ao ministério, mas, potencialmente, é um obreiro. Ele possui ou está em processo de formação e até mesmo de ordenamento, e mesmo que não seja assim, ele é qualificado para o exercício docente.
O segundo exerce uma função, no caso a docência, mesmo sem estar formalmente qualificado. Ele é, como afirma Martins, “professor prático experimentado-leigo na docência”[4]. Essa classe de professor não possui a teoria que deve embalar a formação, mas desenvolveu uma prática que o “qualifica”, pela experiência e conhecimento, ao exercício magisterial, mesmo que limitado. Embora o leigo-prático não tenha a formação técnica ou acadêmica, ele se preocupa com sua formação, fazendo aqui e ali, cursos de pequena duração para o exercício do magistério eclesiástico. É fácil identificá-lo:
(1) sua presença é certa em seminários e congressos de educação para capacitação e formação de professores da ED;
(2) sempre está presente nas reuniões de professores;
(3) busca capacitação adequada;
(3) costuma variar os métodos em sala de aula, conforme a necessidade de seus alunos;
(4) busca formação teológica, seja Básico, seja Médio, ou Bacharel em Teologia;
(5) reconhece suas limitações e, caso não tenha completado os estudos, empenha-se em concluí-los para exercer o ministério mais eficientemente;
(6) não se aparta dos livros de teologia, didática e formação geral;
(7) tem em grande estima aqueles que, como ele, se dedicam ao munos docendi (ministério do ensino);
(8) se esforça para aprender e melhorar como pessoa cada vez mais.
(1) falta constantemente aos seminários para professores;
(2) dificilmente aparece nas reuniões de professores;
(3) enfada aos alunos pela falta de método e didática;
(4) não tem qualquer interesse em buscar formação teológica, na verdade, ele é contra a teologia;
(5) jamais reconhece suas limitações e não tem qualquer interesse em estudar ou concluir os estudos;
(6) não lê qualquer manual didático, com exceção da Bíblia a qual não entende apropriadamente;
(7) critica os professores que se dedicam ao magistério cristão porque entende que o dom é suficiente para o desempenho do munus docendi;
(8) é desleixado com sua própria formação.
[2] A Década da Educação foi uma iniciativa política e educacional, cuja Lei 9.394/96 , Art. 87 § 4º estabelecia que até 2006 (isto é, de 1996 a 2006) somente seria admitidos como educadores professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.
[3] De acordo com o Dicionário Interativo da Educação Brasileira em 1999, cerca de 30%, dos 456 mil professores de ensino fundamental no Norte, Nordeste e Centro-Oeste não tinham habilitação para lecionar. Ainda, de acordo com dados do MEC, do universo de professores leigos existentes no País, na mesma época, cerca de 113 mil não haviam concluído sequer o ensino fundamental. Segundo dados do MEC, o Proformação conseguiu diminuir o número de professores leigos no Brasil para 45 mil, em 2001.
[4] MARTINS, M.A.V. O professor como agente político. São Paulo: Edições Loyola [?], p.18. Coleção “Educ-ação” – 13.