“Viu, eu disse que o casamento é ruim!”
Família
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Todo cristão precisa estar bem familiarizado com Gênesis 3, o relato da queda do homem no pecado, pois foi em resposta a essa queda que Jesus Cristo veio ao mundo para sofrer e morrer por nossa salvação. A história começa em Gênesis 2, onde aprendemos que Deus ordenou que nossos primeiros pais não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, para que não morressem (vv. 16-17). Mas, então, a serpente enganou a mulher para que ela desejasse o fruto e comesse dele (Gn 3.1-6). Gênesis nos diz que ela “tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.6). Foi da mão de sua mulher que Adão pegou esse “pomo” — já com uma mordida faltando.
Perceba aqui que Satanás dirigiu seu primeiro ataque à criação de Deus por meio do relacionamento entre homem e mulher. Adão caiu em pecado por meio de sua lealdade e amor pela esposa. Isso demonstra não apenas como Satanás pode ser imensamente criativo ao inventar suas tentações, mas também — e o que é mais importante — como o casamento é central no plano de Deus. Satanás atacou em um ponto no qual o homem e a mulher eram vulneráveis, mas também porque viu o potencial de ameaça da parceria deles. Então, onde alguns podem querer dizer “viu, eu disse que o casamento é ruim!”, a verdade é exatamente o oposto: o casamento é tão bom que Satanás o atacou primeiro.
Creio que, diante do ataque sagaz de Satanás, Adão se viu em um dilema que se tornou sua ruína: ele achava que devia escolher entre a mulher e Deus, entre o dom (a mulher) e o Doador. Ele parece ter pensado que recusar o fruto significava rejeitar sua esposa em favor de Deus, e que aceitar o fruto significava rejeitar a Deus em favor de sua esposa. A devoção de Adão à mulher era tão grande que ele cometeu o grave pecado de escolhê-la em detrimento de Deus.
Adão estava apenas meio certo na avaliação de seu dilema. Na verdade, era um falso dilema, de modo algum uma simples escolha do tipo “isso ou aquilo”, que ele, aparentemente, pensou que fosse. Não sabemos o que teria sido de Eva se Adão tivesse apelado a Deus por ajuda à luz de seu pecado. Mas sabemos que unir-se a Eva na rebelião contra o mandamento de Deus foi a resposta errada. Os presentes de Deus transmitem bênçãos apenas quando são desfrutados em obediência a ele. Ao escolher pecar com Eva — escolhendo o dom em vez do Doador —, Adão caiu na armadilha sagaz de Satanás e caiu também sob a condenação de Deus. No final, Adão caiu não apenas por escolher pecar, mas por preferir o presente divino de sua esposa ao próprio Deus.
Esse padrão molda a atitude caída do homem até hoje: a humanidade pecadora deseja os dons e as bênçãos de Deus, mas não quer nada com aquele que os fornece. Nós recebemos o dom e rejeitamos o Doador. E, em nenhuma outra área da vida, isso é mais real do que nas relações entre homem e mulher. Os homens incrédulos querem desfrutar as bênçãos da companhia feminina em seus próprios termos (em geral, com foco no sexo), usando o dom de Deus como eles mesmos acham que é melhor. Como resultado, o casamento e a sexualidade tornaram-se não mais apenas uma bênção, mas também uma maldição em nossa sociedade.
Esse relato de Gênesis 3 não é um conto feliz, e passaremos boa parte deste capítulo explorando os efeitos perniciosos e implacáveis do pecado no casamento que foram desencadeados naquele dia no jardim. Isso é necessário porque, se quisermos aprender a lidar de forma eficaz com o pecado, devemos enfrentá-lo com clareza. Mas, para aqueles que precisam de um vislumbre de esperança para sustentá-los nas próximas páginas, saibam que até o final deste capítulo teremos identificado e celebrado a solução para o problema que começou em Gênesis 3.
Este artigo é um trecho adaptado com permissão do livro Homens de verdade, de Richard D. Phillips, Editora Fiel.
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