
Christianity TodayMay 6, 2025
Eu dei à luz ao meu primeiro filho há seis meses. Desde então, tenho pensado sobre a questão do sono: o quanto dura o sono do meu bebê; quão profundo é; se ele dorme quando anda de carro, depois de uma caminhada, ou no colo de alguém. Também tenho pensado sobre como alcançar esse sono garantido, que honre tanto a dignidade do bebê quanto o meu dever de mãe.
Para muitos pais de primeira viagem, o sono do bebê é um assunto cercado por controvérsias, por uma série de escolhas que nos deixam vulneráveis a críticas. Alguns pais colocam seus bebês para dormir na cama com eles. (Que perigo!) Outros optam pelo conhecido “Moisés”. (Têm um coração de gelo!) Outros usam a chupeta. (Isso é problemático.) Outros preferem não usá-la. (O que é igualmente problemático.)

Nos primeiros meses de nascido, o bebê precisa ser alimentado durante a madrugada. O “Baby Wise” — programa cristão controverso que promete noites inteiras de sono, depois de apenas sete semanas — já foi censurado por pediatras. No entanto, mesmo depois que os bebês começam a ficar maiorzinhos, alguns pais continuam reagindo a qualquer barulhinho que eles façam. Isso é amor, dizem eles. Isso não é realista, dizem aqueles que não concordam com essa abordagem. Definitivamente, é algo que não faz bem para o bebê!
Outros optam por “treinar o bebê a dormir”, colocando-o no berço quando ainda está acordado, para que ele aprenda a adormecer sozinho. A técnica geralmente envolve choro. Vale a pena, insistem os pais. Isso é egoísmo, dizem seus críticos. E, em última análise, também não é bom para o bebê!
Se você teve um filho recentemente e conseguiu escapar desses debates sobre o sono do bebê, eu a parabenizo. Eu não consegui. Em parte, por causa do Instagram. E também porque eu precisava me informar. Meu bebê parecia estar cansado o tempo todo, e, mesmo assim, ele simplesmente não fechava os olhos. Como eu poderia ajudá-lo a descansar?
Li alguns artigos; assisti a alguns vídeos; naveguei em blogs; conversei com amigos. Com o tempo, aprendi algumas estratégias. Cantávamos canções de ninar. Compramos cortinas com blackout e fraldas noturnas [mais reforçadas]. Enrolamos o bebê em um cueiro, depois, tentamos um “macacão de dormir” e, por fim, um “saco de dormir”. Cada uma dessas coisas ajudou um pouco.
E que método acabamos adotando para ele dormir? Bom, no fim das contas, adotamos uma abordagem híbrida — colocamos o bebê no berço em estado de “sonolência, mas ainda acordado”, toleramos que se mexa um pouco, mas continuamos a acalmá-lo. Ele começou a tirar a maioria dos cochilos no berço. Seus olhos já não ficavam mais vermelhos. Às vezes, ele dormia a noite toda. Por esses progressos, tenho muito a agradecer aos especialistas em sono.
E, no entanto, às vezes essa questão ainda me deixava ansiosa. Quando o bebê ia dormir 30 minutos atrasado ou tirava uma soneca curta demais, eu me preocupava em ter arruinado a rotina dele. Eu não estava sendo uma mãe suficientemente disciplinada. Quando o bebê começava a resmungar às 3 da manhã, eu ficava deitada na cama, olhando para o monitor, e me perguntando se eu não estava sendo muito contida, e se o certo não seria pegá-lo no colo de uma vez, independentemente do método adotado.
Adotar técnicas para o bebê dormir é uma coisa. Mas o que não funcionou para mim foram as filosofias que sustentam ambos os lados do debate: de um lado, a filosofia disciplinada e estratégica; do outro, a filosofia livre, sem regras e improvisada; e o que ambas pressupõem sobre a natureza humana.
Para os especialistas em treinamento do sono, os bebês são códigos a serem decifrados. Coloque o bebê na cama no mesmo horário, todas as noites — não mais do que 15 minutos antes ou depois desse horário. Ninar ou alimentar o bebê para dormir pode criar um péssimo hábito, que pode arruinar uma boa noite de sono em um instante. A ciência do sono REM e uma tabela de horários das sonecas podem nos dizer quase tudo o que precisamos saber sobre como cuidar de nossos filhos — é o que dizem esses especialistas.
É verdade que bebês respondem bem à rotina e que crianças em crescimento tipicamente seguem uma trajetória previsível. Mas sugiro que passe um tempo com um bebê e você perceberá que ele é muito mais do que um robozinho programado para rolar, balbuciar e comer alimentos sólidos à medida que os meses passam. Cada criança tem seu próprio temperamento. Cada uma vai contrariar as regras à sua maneira. Cada uma é “feita de modo assombroso e admirável”, de modo totalmente distinto, e não como uma cópia pré-fabricada (Sl 139.14).
Os próprios livros sobre como treinar o sono do bebê fazem ressalvas. Alguns bebês não respondem a métodos. Muitos bebês experimentam regressões temporárias. Bebês adoecem, seus dentes nascem e, às vezes, ficam inexplicavelmente irritados. As ressalvas parecem mais descritivas do que as próprias regras. Por que o bebê acordou três vezes? Em última análise, as explicações são inúteis, pois são tentativas de entender as necessidades de uma criança a partir de uma lógica adulta.
Mas e se essa lógica adulta estiver me atrapalhando — na criação dos filhos e também em outras áreas da vida como cristã? Jesus nos pede para irmos a ele como crianças, como pessoas ingênuas, humildes, totalmente honestas em nossa dependência dele.
Os especialistas em sono, com seus gráficos e protocolos, às vezes subestimam o bem [que pode resultar] desse tipo de relacionamento, a beleza da necessidade pura, nua e crua, incontrolável e inexplicável. Quando meu bebê demonstra que precisa de mim durante a noite, isso não é uma falha do sistema. Isso é o sistema.
Em vez de tentar explicar as coisas para o meu bebê — por que ele ama seu brinquedo de raposa, por que toma mamadeiras com 85ml a mais do que o recomendado, por que enfia as perninhas nas grades do berço — que tal se eu simplesmente o contemplasse, e me contentasse com a certa dose de mistério que o cerca? Que tal se eu permitisse que meu bebê viesse a mim como Jesus nos convida a ir até ele, por meio de um Espírito Santo que entende os gemidos inexprimíveis, que nós mesmos não conseguimos compreender (Rm 8.26)?
No entanto, também não acho que as mães do tipo muito “apegadas” aos seus bebês estejam certas. Para essas mães — que dormem com o bebê todas as noites — os bebês são a autoridade máxima. Seu filho quer mamar por cinco minutos a cada meia hora? Ele só vai dormir se estiver tocando em você? “Deixe ele fazer o que quer; ele sabe o que é melhor para si mesmo. Ele só vai comer até se sentir satisfeito e só vai chorar se houver alguma necessidade que precisa ser atendida”, é o que as mães “apegadas” argumentam.
Mas isso também não parece ser verdade. “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio”, escreve Paulo em Romanos 7.15. Ele está falando do pecado. Em um mundo caído, essa tensão — fazer coisas que vão contra o melhor da nossa natureza, e desejar o que é ruim para nós — está presente desde os nossos primeiros dias, seja por vontade própria ou não (Sl 51.5).
Os bebês querem enfiar as mãos dentro das fraldas e depois na boca. Eles odeiam sentar nas cadeirinhas de bebê quando andam de carro. Eles odeiam meias. Meu trabalho como mãe não é só deixar que meu filho assuma o comando das decisões, mesmo que ele seja um bebê. É criá-lo no caminho que ele deve seguir. É estabelecer parâmetros, traçar alguns planos, mesmo que eles tenham de ser adaptados ao longo do caminho.
Ser mãe — e isso é algo que ainda estou aprendendo — não se trata tanto de estratégias e técnicas afinal, seja para dormir, para comer ou para as tarefas mais complexas que virão, como disciplina, educação e formação espiritual.
Não se trata apenas de evitar um lado ou o outro, em busca de uma espécie de “meio-termo”. Trata-se de repensar a própria ideia de “lados polarizados”, entendendo a tarefa de ser mãe (ou pai) menos como uma filosofia à qual nos adaptamos, e mais como um chamado ao qual respondemos, e um chamado às vezes repleto de confusão, inconsistências e improvisações.
Afinal, Deus não nos chama para sermos especialistas, para lermos mais uma análise do “produto” ou mais um estudo ou pesquisa, nem para sabermos todas as respostas antecipadamente. Em vez disso, somos chamadas simplesmente para sermos sábias, e isso tem mais a ver com atenção do que com informação, tem mais a ver com o objetivo final do que com as táticas que utilizamos no meio do caminho.
Pessoas sábias são autoridades que dependem da Autoridade suprema, que fazem perguntas a Deus, que dependem dele e se submetem a ele, assim como nossos filhos dependem de nós e se submetem a nós. Esta é a minha oração neste Dia das Mães, o primeiro que passo com meu bebê nos braços: eu oro por sabedoria. E por boas noites de sono.
Kate Lucky é editora-sênior de cultura e engajamento na Christianity Today.
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