
Entre ofertas e tentações: como o cristão deve encarar a Black Friday

Pastores alertam que a busca por descontos não pode substituir o discernimento espiritual, nem transformar um dia de compras em meses de escravidão financeira
Por Cristiano Stefenoni
Na próxima sexta-feira (28) acontece a aguardada “Black Friday”, dia dedicado aos superdescontos no comércio e que deve movimentar este ano cerca de R$ 5,4 bilhões no varejo brasileiro e R$ 13,6 bilhões nas vendas on-line, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ABIACOM. Para o cristão, a data é uma oportunidade para refletir sobre o pecado do consumismo, mas sem perder a chance de usar com sabedoria os recursos que Deus oferece.
Os números preocupantes revelam a necessidade de cautela nessa época do ano. Segundo a Serasa, mais de 79,1 milhões de brasileiros têm dívidas em atraso e 83,9% das famílias estão endividadas com o cartão de crédito. Se você já está nesse grupo ou não quer fazer parte dessa estatística, então, antes de confirmar a compra, ore, peça sabedoria a Deus, respire fundo e faça a seguinte pergunta: realmente preciso disso?
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De acordo com o pastor Ricardo Costa, líder da Comunidade Presbiteriana Vinhedo, mestre em Missiologia, diretor de Treinamento da MPC Brasil e coordenador da Escola de Jesus, todo gasto precisa ser feito com prévia programação e sem afetar a nossa alegria e generosidade no Reino. “Mesmo que um cristão tenha dinheiro, isso não deveria ser o que o norteia a comprar, mas sim, se de fato é necessário o que ele irá comprar e se trará glórias a Deus”, afirma.

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Costa ressalta que toda compra que fizermos precisa passar pelo crivo de, se de fato, é necessário que eu tenha e se exaltará ao Senhor. “Precisamos avaliar a real motivação de nosso coração, ou seja, se não é a inveja (outros têm eu também preciso ter); ou a ganância (já tenho, mas quero ter mais ainda); e mesmo uma busca por satisfação que deveria ser encontrada somente em Deus”, alerta.
O pastor enfatiza que o crente deve ter cuidado para não transformar um dia comercial em meses de escravidão financeira depois. “Esse hábito [consumismo] contamina o coração, levando o cristão a ser mesquinho no lugar de generoso. Além do mais gera um sentimento de ansiedade, pois leva a pessoa a gastar além do que tem e depois ficar angustiada com como passará o mês”, adverte.
Além disso, Costa lembra que Jesus apresenta Mamon como um espírito que compete com o Senhorio de Deus em nosso coração. “O materialismo é um estilo de vida que prende o coração das pessoas nas coisas desse mundo, levando-as a achar que sua satisfação estará no ter as coisas, escravizando-as ao aguçar os desejos do coração que deveriam ser satisfeitos em Deus, para que sejam satisfeitos nas coisas”, justifica o pastor.
Descontos podem ser aproveitados com prudência
Na opinião do CEO do Touch Peace, pastor Marciley Neves, uma das formas do cristão aproveitar de forma positiva os descontos da Black Friday é unir sabedoria e planejamento. “Fazendo uma lista por exemplo do que precisa comprar e respondendo às perguntas chaves como: eu realmente preciso disto ou é desejo ou motivação externa? E ainda definindo o orçamento disponível para a compra bem como comparando e pesquisando preços, sempre”, orienta.
O pastor alerta que o consumo desenfreado pode se tornar o “centro da vida” de uma pessoa e o fazê-lo um “idólatra”, pois o coração pode se apegar a bens materiais e satisfações que são efêmeras, desviando o foco da eternidade e do bem mais precioso que possuímos que é a salvação em Jesus.
“A Bíblia não condena possuir bens, mas critica a idolatria do consumo e incentiva contentamento, generosidade e foco no eterno. Palavra de Deus não usa o termo ‘consumismo’ diretamente, mas aborda princípios que se aplicam a esse comportamento. Por consumismo entendemos o ato de adquirir bens e serviços de forma compulsiva, às vezes, sem necessidade e além das possibilidades. Jesus ensina que a nossa prioridade deve ser espiritual e não material (Mateus 6:33)”, afirma.
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A origem da data
A Black Friday nasceu nos Estados Unidos nos anos 1960, quando a polícia da Filadélfia usava o termo para descrever o caos causado pelo trânsito e pelas multidões no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças. Nos anos 1980, o varejo ressignificou a data, associando-a ao momento em que as lojas deixavam o “vermelho” e passavam ao “preto”, símbolo do lucro.
No Brasil, a primeira edição ocorreu em 2010, totalmente online, reunindo cerca de 50 lojistas — e desde então se consolidou como uma das datas mais relevantes do calendário comercial, tanto no e-commerce quanto nas lojas físicas.
Segundo estudo da UEM com base em dados da Neotrust, os descontos médios da Black Friday 2024 impressionam: moda e acessórios chegaram a 51,5%, beleza alcançou 48,5% e portáteis, 36,1%. Um acompanhamento diário da CNC, que monitorou 150 itens de 30 categorias, mostrou que 70% delas apresentaram forte tendência de redução, com quedas superiores a 5% já no período promocional.
Entre as categorias que registraram as maiores baixas de preço, papelaria liderou com 10,14%, seguida de livros (9,02%), joias e bijuterias (9,01%), perfumaria (8,20%), utilidades domésticas (8,18%), higiene pessoal (8,11%) e moda (7,82%), reforçando o peso da data no comportamento do consumidor e na dinâmica do varejo brasileiro.
Como gastar dinheiro com sabedoria segundo a Bíblia
1. Reconheça que tudo pertence a Deus
Antes de qualquer decisão financeira, a Bíblia lembra que somos mordomos, não donos.
“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe” (Salmo 24:1).
Pergunte: “Isso honra a Deus?”
Gaste como quem administra o que pertence ao Pai.
2. Planeje antes de gastar
A Bíblia incentiva planejamento e previsão de gastos.
“Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo?” (Lucas 14:28).
Crie orçamento mensal.
Anote entradas e saídas.
Só faça compras planejadas.
3. Evite dívidas desnecessárias
A Bíblia não proíbe dívidas, mas alerta para o perigo delas.
“O rico domina sobre o pobre; quem toma emprestado é escravo de quem empresta” (Provérbios 22:7).
Evite parcelamentos longos.
Se possível, compre à vista.
Não viva no rotativo do cartão.
4. Viva abaixo do que você ganha
Autocontrole é um fruto espiritual e financeiro.
“O sábio faz um bom estoque de comida e azeite, mas o tolo gasta tudo o que ganha” (Provérbios 21:20).
Tente guardar 10% a 20% mensalmente.
Faça uma reserva de emergência.
5. Fuja do consumismo e da vaidade
A Bíblia liga consumo desenfreado à ansiedade e à comparação.
“A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15).
Não compre para impressionar.
Não compre para suprir vazio emocional.
Espere 24h antes de compras impulsivas.
6. Seja generoso
Generosidade é sinal de sabedoria financeira e maturidade espiritual.
“Há quem dê generosamente e vê crescer suas riquezas” (Provérbios 11:24).
“Deus ama quem dá com alegria” (2 Coríntios 9:7).
Pratique ofertas regulares.
Ajude pessoas necessitadas.
Doe tempo e recursos.
7. Busque sabedoria antes de gastar
A decisão financeira deve ser acompanhada de discernimento espiritual.
“Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça a Deus” (Tiago 1:5).
Ore antes de comprar algo significativo.
Peça conselhos de pessoas maduras.
8. Trabalhe com excelência para gerar recursos honestos
A Bíblia liga prosperidade à diligência.
“Os planos do diligente conduzem à fartura” (Provérbios 21:5).
“Em todo trabalho há proveito” (Provérbios 14:23).
Busque capacitação.
Trabalhe com ética e dedicação.
Procure novas fontes honestas de renda.
9. Estabeleça prioridades corretas
Gaste primeiro com o essencial, depois com o supérfluo.
“Busquem primeiro o Reino de Deus” (Mateus 6:33).
Priorize casa, comida, saúde e educação.
Não sacrifique o essencial pelo desejo momentâneo.
10. Lembre-se de que riqueza é instável
Não coloque sua segurança no dinheiro.
“Não ponham sua esperança na incerteza das riquezas” (1 Timóteo 6:17).
Use o dinheiro, mas não seja governado por ele.
Sua identidade não está no que você compra, mas em quem você é em Cristo.
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