Igreja: é ou não serviço essencial durante a pandemia?
No ES, um projeto de lei propõe como essencial funcionamento de igrejas. Medida teria validade durante vigência de estado de calamidade pública. Em várias partes do Brasil, templos já foram reabertos
Por Priscilla Cerqueira
Desde o início da pandemia se discute se a igreja é ou não considerada serviço essencial. Por conta da pandemia, no Brasil inteiro elas passaram a transmitir seus cultos e missas pela internet. Mas no final de maio, o governo do Paraná liberou a reabertura de igrejas e templos religiosos no Estado. Foi a pioneira no país.
A lei, proposta por deputados da bancada evangélica da Assembleia Legislativa, estabelece esses espaços como locais de “atividade essencial”.
A exemplo do Paraná, as igrejas e os templos do Distrito Federal, fechados desde o dia 19 de março, reabriram no dia sete de junho. A retomada das atividades foi permitida por um decreto publicado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), no sábado, 30 de maio.
Já no Espírito Santo, tramita na Assembleia Legislativa do Estado um projeto de Lei, que determina que seja considerado essencial o funcionamento de igrejas e templos de qualquer culto no estado durante período de calamidade pública. Porém, o número de pessoas presentes nesses locais poderá ser limitado.
A medida é de autoria dos deputados Delegado Danilo Bahiense (PSL) e Pastor Marcos Mansur (PSDB). Na justificativa, a proposta considera que as igrejas e demais templos exercem atividade que pode ser considerada essencial à manutenção da tranquilidade espiritual da sociedade em um momento de crise de toda ordem provocada pela pandemia da Covid-19.
“É certo que as igrejas e demais templos exercem papel fundamental na sociedade, mormente em períodos de dificuldades como a que vivemos atualmente. A palavra sagrada, direcionada àqueles que buscam um socorro da alma, é fundamental neste momento de grave conturbação social provocada pelo isolamento, pelas dificuldades financeiras enfrentadas pela sociedade de modo geral”, consta na justificativa da matéria.
Pastores defendem
“Apoio totalmente essa propositura e veio numa boa hora. A pandemia não tem efeito somente do vírus em si, mas na área mental, emocional e espiritual na vida das pessoas, que precisam de amparo nessas áreas. E as igrejas tem condições de prestar esse serviço que já realizam, e pode, de uma forma especial, amenizar esse momento que passa a sociedade. É muito importante o papel das igrejas”, destacou o pastor Evaldo dos Santos, da Primeira Igreja Batista da Praia da Costa, em Vila Velha (ES).
No Espírito Santo, os evangélicos representam 1 milhão e 600 mil pessoas. Para o pastor Álvaro Lima, presidente da Conselho Estadual das Igrejas Evangélicas do Espírito Santo (Ceigeves), a aprovação da lei seria um reconhecimento de um trabalho salutar, necessário e essencial da igreja para a sociedade.
“É plausível, razoável que se reconheça a igreja como serviço essencial…o trabalho religioso é fundamental em todos os aspectos da sociedade. está na hora dos poderes reconhecerem o trabalho que a igreja faz. Estamos na ponta trabalhando. Queremos que o nosso trabalho seja respeitado, pois obedecemos as leis, buscamos a Deus e orientamos nossos membros. l”, destacou.
Pernambuco: “Igreja é saúde”
Em Pernambuco, algumas igrejas evangélicas se juntaram em um movimento chamado de “Igreja é Saúde”, nas redes sociais, pedindo ao Governo a retomada dos cultos presenciais nos templos. As atividades nos espaços religiosos estão suspensas devido à pandemia do novo coronavírus, desde o dia 23 de março.
Em um vídeo publicado no Instagram, o pastor Arthur Pereira, da Igreja do Amor, de Paulista, Grande Recife, afirma que “durante a pandemia, muita coisa mudou. Só o que não mudou foi o apoio da igreja à comunidade”. Os pastores temem um possível esquecimento por parte do governo em relação à volta das reuniões presenciais.
Em entrevista ao Jornal do Comercio, o pastor Arthur afirmou que os dados de violência doméstica, depressão e suicídio têm crescido durante a quarentena. Ele acredita que a convivência das pessoas na igreja pode alterar essa realidade.
“É claro que uma pessoa que está presente na igreja é menos propensa a viver tudo isso. Uma coisa é você ficar em casa, ouvindo uma palavra, outra coisa é você viver uma experiência pessoal com Deus e com seus irmãos, mesmo sem poder tocar, seguindo as orientações passadas, como o uso de máscaras e álcool em gel. Só o fato de você estar junto é outra realidade. Na verdade, é terapêutico”, afirmou.
Fonte. Comunhão