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Lição 01 – As Promessas de Deus – Subsídios Lição Adultos

Comentário Exegético Profundo (verso a verso) da Leitura Bíblica em Classe – Isaías 55:6-13

Lição 01 - As Promessas de Deus - Lição Adultos CPAD - 4º Trimestre 2024

ISAÍAS 55:6 – “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.

ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Este versículo foi escrito por Isaías em um momento crítico da história de Israel. O povo estava sofrendo as consequências de sua rebeldia contra Deus, mas a mensagem de Isaías era uma chamada ao arrependimento e à esperança. Historicamente, Isaías é considerado um profeta que alertava Israel sobre o perigo da desobediência e sobre o julgamento iminente, mas ele também oferecia consolo, enfatizando a promessa de restauração para aqueles que se voltassem ao Senhor.

Culturalmente, o conceito de “buscar a Deus” na época de Isaías era carregado de significado. Envolvia não apenas orações e sacrifícios, mas um retorno sincero à aliança que o povo tinha com Deus. O uso da palavra “buscar” aponta para um desejo ativo, algo que precisava ser feito com urgência, refletindo a seriedade com que as pessoas deveriam encarar o seu relacionamento com Deus.

ASPECTOS EXEGÉTICOS E TEOLÓGICOS

A primeira palavra importante no hebraico é “דִּרְשׁוּ” (dirshu), que significa “buscai“. Ela carrega a ideia de um esforço diligente, de não apenas esperar passivamente, mas de uma ação determinada em direção a Deus. Isso implica um movimento ativo em direção à Sua vontade e Seus caminhos. É como se o profeta dissesse: “façam tudo o que puderem para encontrá-lo”.

Outra palavra-chave é “קָרֽוֹב” (qarov), traduzida como “perto“. No contexto teológico, este termo revela que há momentos em que Deus está acessível de maneira especial, convidando Seu povo a se aproximar. A proximidade de Deus aqui indica um momento de graça e favor divino, onde a resposta de Deus às orações seria garantida de forma especial.

Teologicamente, este versículo fala de uma janela de oportunidade para o arrependimento e busca de comunhão com Deus. A expressão “enquanto se pode achar” sugere que haverá um tempo em que a oportunidade de buscar a Deus poderá não estar tão acessível, seja por circunstâncias da vida, endurecimento do coração ou pelo julgamento divino. Isso reforça o caráter temporário das oportunidades divinas e a necessidade de agir prontamente.


ISAÍAS 55:7 – “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.

O contexto histórico continua o chamado profético de Isaías a um povo que se desviou dos caminhos de Deus. O povo de Israel, em várias fases, se envolvia com idolatria, injustiça e corrupção moral, distanciando-se das leis e princípios que o Senhor havia estabelecido. Isaías, como porta-voz de Deus, convoca o arrependimento, oferecendo uma mensagem de esperança: mesmo o ímpio, aquele que rejeitou a justiça, pode encontrar misericórdia se se voltar ao Senhor.

Culturalmente, o conceito de arrependimento (tornar-se para Deus) era central no relacionamento do povo com Deus. A ideia de “deixar o caminho” simbolizava não apenas abandonar atos visíveis de pecado, mas também uma transformação interior, refletida na mudança de pensamentos e atitudes. Em um contexto teocrático, isso significava alinhar-se novamente com a aliança divina e restaurar a relação de obediência com o Criador.

ASPECTOS EXEGÉTICOS E TEOLÓGICOS

A primeira palavra-chave aqui é “רָשָׁע” (rasha), traduzida como “ímpio”. Esta palavra se refere a alguém que age em oposição à justiça de Deus. Não é apenas uma pessoa que comete pecados isolados, mas alguém cujo caráter e caminho estão firmemente enraizados na injustiça. Isaías faz um chamado direto: o ímpio deve deixar esse caminho que o separa de Deus.

Outra palavra importante é “יָשׁוּב” (yashuv), traduzida como “converta-se” ou “volte-se“. No hebraico, esta palavra traz uma forte ideia de retorno ou arrependimento. Não é apenas uma mudança superficial, mas uma volta completa para Deus, um abandono das antigas práticas e uma renovação de mente e espírito. Teologicamente, este versículo destaca o coração misericordioso de Deus, que está sempre pronto para acolher aqueles que se arrependem sinceramente.

“רַב־לִסְלוֹחַ” (rav-lislôach) é outra expressão teológica significativa, traduzida como “grandioso em perdoar“. Aqui, o profeta reforça a profundidade do perdão divino. Deus não apenas perdoa de maneira comum, mas é abundante, generoso e magnânimo no Seu perdão. Isso revela a natureza graciosa de Deus, cuja compaixão supera qualquer limite humano de misericórdia.


ISAÍAS 55:8 – Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.

A primeira palavra-chave no hebraico é “מַחֲשָׁבוֹתַי” (machashavotai), que significa “meus pensamentos“. Esta palavra é usada para descrever os planos e intenções de Deus. Ao contrário dos pensamentos humanos, os pensamentos de Deus são perfeitos, sem erro ou corrupção. Em Jeremias 29:11, encontramos uma promessa semelhante: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” Isso reforça a ideia de que os pensamentos de Deus visam o bem, mesmo quando não conseguimos entender plenamente Suas ações.

Outra palavra importante é “דְּרָכַי” (derakhai), traduzida como “meus caminhos“. No hebraico, “caminhos” refere-se ao modo de agir de Deus, que é distinto do agir humano. Enquanto nossos caminhos podem ser cheios de erros e falhas, os caminhos de Deus são retos e justos. Salmos 25:4 diz: “Faze-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas.” Aqui, o salmista clama pela orientação divina, reconhecendo que os caminhos de Deus são superiores aos nossos.

Teologicamente, este versículo enfatiza a transcendência de Deus. Suas ações e pensamentos não estão limitados pelo entendimento humano. Ele age em conformidade com Sua perfeita sabedoria e justiça. O apóstolo Paulo também destaca essa verdade em Romanos 11:33: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” Esta referência nos lembra que, assim como Isaías afirmou, o entendimento dos desígnios divinos vai muito além da compreensão humana.


ISAÍAS 55:9 – Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

A primeira palavra-chave em hebraico é “שָׁמַיִם” (shamayim), que significa “céus”. Neste contexto, a palavra indica a grandeza e a majestade do domínio de Deus. Assim como os céus estão muito acima da terra, a sabedoria e os planos de Deus estão muito além da nossa compreensão. Em Deuteronômio 10:14, encontramos outra referência à supremacia de Deus: “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.” Isso reforça que Deus governa sobre tudo, com uma perspectiva infinitamente maior.

A segunda palavra-chave é “גָּבוֹהַּ” (gavoah), que significa “mais alto”. Este termo é usado para descrever a grande diferença entre os pensamentos e caminhos de Deus em comparação com os nossos. A altura aqui simboliza tanto a superioridade quanto a separação entre o entendimento divino e o humano. Em Salmos 103:11, lemos: “Porque assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.” A comparação entre a altura do céu e a terra é uma forma de ilustrar o quão incomparável é a misericórdia e a sabedoria de Deus.

Isaías 55:9 nos fala sobre a transcendência e imutabilidade dos planos divinos. Mesmo quando não compreendemos os desígnios de Deus, podemos ter a certeza de que Ele age a partir de uma posição de sabedoria infinita. Essa verdade é ecoada por Paulo em Efésios 3:20, onde ele afirma que Deus “é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.” Aqui, vemos que a limitação de nossos pensamentos não limita a capacidade de Deus.


ISAÍAS 55:10 – Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,

Neste versículo, Isaías usa uma metáfora natural para explicar o impacto da Palavra de Deus. O povo de Israel vivia em uma terra que dependia fortemente das chuvas sazonais para a agricultura e sustento. O ciclo da água era essencial para a vida, e a comparação entre a chuva que desce e nutre a terra e a ação da Palavra de Deus seria facilmente compreendida pela audiência original.

No mundo antigo, a chuva era vista como uma bênção divina, e a neve, embora mais rara em Israel, também era reconhecida como um símbolo de provisão de Deus (Jó 37:6). Este versículo ressalta que, assim como a água cumpre seu propósito ao fertilizar a terra, a Palavra de Deus cumpre seus desígnios quando enviada.

ASPECTOS EXEGÉTICOS E TEOLÓGICOS

A primeira palavra-chave em hebraico é “גֶּשֶׁם” (geshem), que significa “chuva”. Na Bíblia, a chuva é muitas vezes associada à bênção e provisão de Deus. Em Levítico 26:4, Deus promete ao Seu povo: “Então, vos darei as vossas chuvas a seu tempo, e a terra dará a sua novidade, e a árvore do campo dará o seu fruto.” Assim como a chuva é essencial para o crescimento da colheita, a Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual e a realização de Suas promessas.

A segunda palavra-chave é “זֶרַע” (zera), que significa “semente“. A semente aqui simboliza o potencial de crescimento e multiplicação. A Palavra de Deus, quando semeada no coração humano, tem o poder de gerar frutos. Isso é ecoado na parábola do semeador em Mateus 13:3-9, onde Jesus fala sobre a Palavra como a semente que, quando cai em boa terra, dá uma colheita abundante.

Este texto sublinha a eficácia e a confiabilidade da Palavra de Deus. Assim como a chuva nunca retorna ao céu sem cumprir sua função de regar a terra, a Palavra de Deus nunca volta vazia, sempre realiza o propósito para o qual foi enviada (ver Isaías 55:11, o versículo seguinte). Em 2 Coríntios 9:10, vemos uma referência ao mesmo conceito: “Ora, aquele que dá a semente ao que semeia e pão para comer também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.


ISAÍAS 55:11 – “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.

A primeira palavra-chave em hebraico aqui é “דָּבָר” (davar), que significa “palavra“. Na teologia bíblica, a palavra de Deus é ativa e criadora. Não é apenas comunicação, mas ação. Em Gênesis 1, vemos como o “davar” de Deus trouxe à existência todas as coisas. Aqui, Isaías ressalta que a Palavra de Deus não é como as palavras humanas, sujeitas a falhas ou a mudanças. Em Hebreus 4:12, o autor descreve a Palavra de Deus como “viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes“, o que reflete seu poder para transformar e realizar a vontade divina.

A segunda palavra importante é “תָּשׁוּב” (tashuv), que significa “voltará“. Isaías está garantindo que a Palavra de Deus nunca retorna a Ele sem cumprir seu propósito. Há uma certeza teológica nesta afirmação: o que Deus fala, Ele cumpre. Isso reflete a imutabilidade e fidelidade de Deus em suas promessas, algo também destacado em Números 23:19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura diria ele, e não faria?

Este versículo nos ensina sobre a soberania de Deus. Ele é soberano não apenas em Suas ações, mas também em Sua Palavra. Quando Ele fala, aquilo que Ele determinou acontecerá, independentemente das circunstâncias ou da resistência humana. Em João 1:1, vemos que a Palavra de Deus é identificada com o próprio Cristo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Cristo, a Palavra viva, cumpriu perfeitamente os propósitos do Pai na redenção.


ISAÍAS 55:12 – “Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros exultarão diante de vós em cântico, e todas as árvores do campo baterão palmas.

Historicamente, este versículo fala da libertação do povo de Israel após o exílio babilônico. Deus promete não apenas a restauração física, mas também uma restauração emocional e espiritual. O povo de Israel voltaria para sua terra com alegria e paz, uma imagem poderosa depois de anos de cativeiro e sofrimento.

Culturalmente, as expressões de alegria e paz têm profundo significado na tradição judaica. A paz, ou “שָׁלוֹם” (shalom), significa muito mais do que a ausência de conflito. Refere-se a um estado de plenitude, harmonia e bem-estar. A ideia de “sair com alegria” remete ao êxodo do Egito, quando Deus libertou o Seu povo da escravidão. Aqui, Isaías oferece uma nova visão de êxodo — não apenas de uma terra física, mas de toda forma de cativeiro espiritual e emocional.

ASPECTOS EXEGÉTICOS E TEOLÓGICOS

A primeira palavra-chave em hebraico é “שִׂמְחָה” (simchah), que significa “alegria“. A alegria mencionada aqui é uma expressão de regozijo profundo que vem do coração. Em várias passagens da Bíblia, a alegria está associada à salvação e ao favor de Deus. Salmos 30:5 diz: “Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.” Isaías destaca que a libertação de Deus não é apenas física, mas transforma profundamente o coração.

A segunda palavra-chave é “שָׁלוֹם” (shalom), traduzida como “paz“. Shalom é um conceito central na Bíblia hebraica e representa o bem-estar total — paz interior, paz com Deus, paz com os outros. Não é apenas a ausência de guerra, mas uma presença de harmonia divina. Em Números 6:24-26, encontramos a famosa bênção sacerdotal: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz (shalom).” Aqui, Isaías liga a paz ao caminho guiado por Deus, o que reflete uma vida abençoada por Sua presença.

Teologicamente, este versículo enfatiza a salvação e o cuidado contínuo de Deus. A “alegria” e “paz” que acompanham o povo são sinais de que a obra de Deus em suas vidas foi completa e eficaz. A imagem dos “montes e outeiros exultando” e das “árvores batendo palmas” é poética e reflete a harmonia entre a criação e a redenção divina. Em Romanos 8:19-21, Paulo fala sobre a criação aguardando ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus, o que ecoa o mesmo tipo de expectativa e alegria descrita aqui.


ISAÍAS 55:13 – “Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça, crescerá a murta; e será isto para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.

O espinheiro e a sarça simbolizavam a maldição da terra, como consequência do pecado, algo introduzido desde Gênesis 3:18, quando a terra passou a produzir “espinhos e cardos” após a queda.

A promessa de substituição dos espinheiros pelo cipreste e da sarça pela murta representa um reverter da maldição, trazendo bênçãos e prosperidade. Ciprestes e murtas eram árvores valiosas, associadas à vitalidade, ao frescor e à beleza. Culturalmente, os espinheiros e sarças eram sinais de terras áridas e improdutivas, enquanto o cipreste e a murta simbolizavam abundância e a renovação da criação. Este versículo, então, fala de uma restauração tanto física quanto espiritual para o povo de Deus.

ASPECTOS EXEGÉTICOS E TEOLÓGICOS

A primeira palavra-chave é “בּרוֹשׁ” (berosh), que significa “cipreste“. No Antigo Testamento, o cipreste é frequentemente associado à força e longevidade. No Salmo 92:12, lemos: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano,” onde o cipreste, ou cedro, simboliza a prosperidade dos justos. A promessa de Isaías é que, em lugar do que é improdutivo (o espinheiro), Deus trará uma árvore firme e produtiva como o cipreste. Esta transformação simboliza a renovação espiritual que Deus promete ao Seu povo.

A segunda palavra importante é “הֲדַס” (hadas), traduzida como “murta“. A murta era uma planta perfumada e associada à celebração e bênção. Em Neemias 8:15, a murta era usada na festa dos Tabernáculos, simbolizando a alegria e a provisão de Deus. Aqui, ela representa um sinal da renovação espiritual e da restauração do povo, substituindo a sarça, que era um símbolo de desolação e juízo.

Este texto expõe sobre a redenção e a renovação completa que Deus oferece. Ele não apenas remove os efeitos do pecado (simbolizados pelos espinheiros e sarças), mas substitui o deserto espiritual por plenitude e bênçãos duradouras. Esta promessa tem paralelos no Novo Testamento, onde Cristo é descrito como aquele que faz “novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5), e nos oferece uma vida abundante em vez do vazio do pecado (João 10:10).

A expressão “por sinal eterno” também é relevante aqui. Ela aponta para o fato de que essa transformação não é temporária, mas tem implicações eternas. Deus faz essas mudanças em nome do Seu próprio caráter e glória, e isso será “um sinal eterno” que nunca desaparecerá, mostrando a permanência e a fidelidade de Suas promessas.

Fonte: Gospel Trends

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