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Lição 8 – O Lugar Santíssimo

Comentário da Lição Bíblica para o fim de semana com Pr. Jairo Teixeira Rodrigues

 

Depois da leitura do texto básico deste capítulo, podemos mentalmente descrever e pormenorizar todos os móveis contidos no Átrio, no Lugar Santo e no Lugar Santíssimo. Na parte exterior do Tabernáculo, a partir da porta do Átrio (ou Pátio), encontramos o altar do Holocausto e a Bacia do Lavatório. Em seguida, entramos no interior da Tenda do Tabernáculo e temos a primeira parte, que é o Lugar Santo, chamado Santuário. Nessa parte, deparamo-nos com a Mesa dos Pães da Proposição, o Castiçal de Ouro e o Altar de Incenso em frente ao Véu de entrada para o Lugar Santíssimo. Depois do véu desenhado com querubins, estava o Lugar Santíssimo, no qual estava a Arca do Concerto (ou da Aliança, ou do Testemunho). Esse último lugar, o Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo) era o símbolo da santidade de Deus, que tornava inacessível a entrada de pecadores, senão através do sumo sacerdote. 

I – O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO 

O Véu Era uma Barreira ao Acesso à Presença de Deus 

O segundo compartimento ocidental do Tabernáculo onde estava a Arca da Aliança tinha um véu azul como uma cortina que separava as duas partes do Santuário; era um símbolo da santidade de Deus inacessível aos pecadores. Ninguém podia ousar entrar no “Lugar Santíssimo”, até que Jesus enfrenta o Calvário e faz-se o cordeiro expiador. 

Quando Cristo expirava lá fora na cruz, o seu espírito entra no Lugar Santíssimo com o seu próprio sangue expiador, porque Ele fez-se o Cordeiro divino e, com o seu próprio sangue, entra ante o Propiciatório e asperge-o sobre a Arca da Aliança, expiando a culpa do mundo todo (ver Hb 7.25-27). Então, o véu rasga-se de alto a baixo e escancara o acesso à presença do Altíssimo. Antes, uma vez por ano, o sacerdote entrava com o sangue da expiação; agora, em uma só vez por todas, Cristo fez-se o Sumo Sacerdote e ministra com o seu próprio sangue (ver Hb 9.6,7). 

O véu era uma cortina feita de linho fino branco tecido com fios que tinham as cores azul, púrpura e carmesim. Esse véu tinha o propósito de separar o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33). Esse véu impedia a entrada de qualquer israelita, exceto a do sumo sacerdote, que podia entrar uma vez por ano, no dia da Grande Expiação. Esse véu, portanto, era uma barreira para o homem comum. Na língua hebraica, o vocábulo “véu” é paroketh, que advêm de uma raiz que significa “separar”.

O Significado do Véu Interior e seu Paralelismo com a Obra Expiatória de Jesus

No NT, esse mesmo vocábulo grego é katapetasma, que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo. Quando Jesus estava na cruz — e depois de expirar —, Ele ministrou intercessoramente no Lugar Santo no Altar de Incenso (Hb 7.25) e, depois, com seu próprio sangue, entrou no Lugar Santíssimo para ministrar por todo o mundo (ver Hb 9.6,7). 

Um teólogo do passado chamado Truman fez um paralelo entre o Evangelho de João e o Tabernáculo, escrevendo assim:

Os capítulos 1 a 12 de João contêm o ministério público de Jesus, correspondendo ao Pátio, para o qual os israelitas traziam suas ofertas pelos seus pecados. Os versículos do capítulo 12.44-50 indicam as últimas palavras do seu ministério público.

O capítulo 13 tem relação com a necessidade de limpeza, e Cristo explicou-lhes essa necessidade dos seus discípulos passarem pela fonte de bronze (o lavabo de bronze) como preparação para o ministério do Espírito Santo na terra depois que Jesus cumprir sua missão expiatória.

Os capítulos 14 a 16 sugerem que Cristo entra no Lugar Santo e ensina aos seus discípulos a necessidade de orar e o papel do Espírito Santo nesse lugar na vida da igreja futura.

O capítulo 17 apresenta Cristo a sós no Lugar Santíssimo, intercedendo em favor dos seus discípulos diante do Pai. Esse capítulo se revela como a oração sumo sacerdotal.

O Véu Tinha um Bordado Especial com a Figura de Querubins (Êx 26.31)

Alguns teólogos opinam que os querubins não representam seres humanos, nem anjos. Eles opinam que esses querubins representam as obras e as manifestações gloriosas do Espírito Santo na vida de Cristo, envolvendo seu nascimento, vida, ministério terrestre, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Entretanto, discordamos dessa opinião e entendemos que os querubins são uma classe de anjos que servem aos interesses de Deus, protegendo seu Trono e manifestando a sua glória. 

O que a Escritura do livro de Êxodo deixa claro é que os querubins são seres angelicais e independentes de qualquer forma física, mas que podem tomar a forma que quiserem para as manifestações do poder de Deus. 

Deus ordenou a Moisés que fosse bordada à mão a figura de querubins, que tinham uma mistura de figura de homens e seres alados. Pergunta-se, qual a razão desses querubins naquele véu? A história celestial conta que um querubim havia recebido do Criador poderes especiais delegados por Deus de liderança angelical. No entanto, esse querubim chamado Lúcifer encheu-se de presunção e orgulho, querendo ser igual a Deus. Ele, então, foi expulso da presença do Senhor, tornando-se arqui-inimigo da Divindade (ver Ez 28.14). Sua queda desonrou toda a classe angelical. Os querubins são uma classe de seres espirituais diretamente ligados ao Trono de Deus. A figura dos querubins pintados naquele véu interior lembra ao homem que o Trono de Deus está protegido de qualquer contaminação do pecado. Por isso, eles foram esculpidos sobre o Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança para protegê-la (ver Êx 25.18-22). 

As quatro Cores do Véu Compreendidas na Escritura de Filipenses 2.5-11 

Essencialmente, o objetivo primário do Tabernáculo e seus móveis sagrados é tipificar a Cristo. Cada um dos tecidos que compunham o Véu entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo apontava para uma faceta do caráter pleno de Jesus Cristo. As quatro cores falam, de fato, das glórias de Cristo segundo a compreensão que podemos ter da escritura de Paulo aos Filipenses 2.5-11. 

A cor azul indicava a fala de Jesus, “que, sendo em forma de Deus” (Fp 2.6), fez-se o Verbo divino que se fez carne, e isso revelava a Jesus como o Filho de Deus, a sua divindade. 

A cor carmesim é identificada com o Cristo que “tomou a forma de servo”. Ela fala de Cristo como aquEle que se identificou como “o Filho do homem” e “o Servo sofredor”, que “aniquilou-se a si mesmo, […] sendo obediente até à morte” (Fp 2.7,8). 

A cor branca do linho branco revelava a imagem daquEle que se fez “semelhante aos homens” (Fp 2.7), sendo o servo perfeito de Deus no mundo dos homens. 

A cor púrpura indicava a sua realeza, identificando-se com a escritura que diz “que Deus o exaltou soberanamente” (Fp 2.9). 

Outrossim, o Véu representava a carne de Cristo e expressava a sua humanidade (ver Êx 36.35). O trançado dos fios que formava o véu fala da união da natureza divina com a natureza humana na pessoa de Jesus, indicando a sua perfeição absoluta como Deus e como Homem. O texto de Hebreus 10.19,20 consuma essa tipologia quando diz: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”.

– Quais os Propositos do Segundo Veu

1 Separar o lugar Santo do Santíssimo. O propósito desse véu era separar o lugar Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33) do lugar Santo. A palavra hebraica usada para véu ocorre por vinte e quatro vezes no AT sempre referindo-se ao tipo de véu ou tela que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos (CHAMPLIN, 2001, vol. 1, p.423).

 2 Separar a criatura do criador. O véu fazia separação entre o que não era santo (o homem) e Aquele que é santíssimo (Deus). O véu representava uma triste verdade: o homem é pecador e é vedado o caminho para ele ir sozinho a Deus (Êx 26.33; Lv 16.2; Is 59.1-3; Rm 3.23). As cortinas (portas) do tabernáculo serviam para bloquear as multidões e para permitir que apenas pessoas autorizadas entrassem.

 – O Simbolismo do Segundo veu e a Pessoa de Jesus

1 O véu e a simbologia do corpo de Jesus. Fora do alcance do homem, o véu do Templo foi rasgado em duas metades, de cima para baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45), e como ele foi rompido “de alto a baixo” isso nos sugere que foi o próprio Deus quem o rasgou e somente um poder miraculoso poderia ter atuado para que tal fato acontecesse. A palavra de Deus nos mostra que junto à cruz do Senhor estava um centurião romano e os que com ele estavam souberam a ruptura do véu (Mt 27.51-54). Em Hebreus aprendemos que o véu se refere tipologicamente a carne de Jesus. Ele é o acesso até a pessoa de Deus e por Ele, o pecador arrependido pela fé em Cristo Jesus, não apenas tem entrada à presença de Deus, mas, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20). Em Hebreus 10.10-23, é o grande Sacerdote que se ofereceu a Si mesmo como o verdadeiro sacrifício aceitável que purifica os nossos corações da má consciência (Hb 10.12-14, 21,22). Ele é o que abriu o caminho pelo véu, sendo Ele mesmo o próprio véu e o novo e vivo Caminho a Deus (Jo 14.6).

2 O véu e a simbologia da separação entre o homem e Deus. Certamente o símbolo que podemos destacar aqui é o fato de Deus não pode conviver com o pecado do homem. Observemos que somente o sumo sacerdote (um tipo de Cristo) podia romper para além do Véu e adentrar o Lugar Santíssimo, e isso somente uma vez por ano, no dia da expiação quando ele oferecia o sacrifício por si mesmo e pelos pecados do povo (Hb 9.7). Na morte de Jesus, a cortina que fechava o lugar mais sagrado se rasgou de cima para baixo (Mt 27.41; Mr 15.38; Lc 23.45). O lugar mais sagrado do Templo foi assim exposto, simbolizando que o acesso à presença de Deus havia sido aberto a todos indistintamente, não apenas a um ministro especial. O Véu nos faz lembrar de que estávamos distantes (Rm 3.23).

3 O véu e a simbologia do acesso limitado e seletivo. Com certeza podemos afirmar que por causa do pecado, o homem comum não podia aproximar-se de Deus, a não ser através de um intercessor devidamente credenciado e isto devido ao Seu caráter santo. Somente o sumo sacerdote, uma vez por ano, podia passar para além do véu. Mas em Cristo, o qual é a Porta (Jo 10.9), o acesso foi franqueado a todos os homens (Hb 6.19,20; 9.11,12; 10.19,20). O véu também era tipo do corpo humano de Cristo (Mt 26.27; 27.50; Hb 10.20), o qual foi rasgado (na crucificação) para prover-nos acesso a Deus. O véu do templo, por ocasião da morte de Cristo, foi rasgado ao meio. Foi aberto um novo caminho para a justificação, visto que, por meio das obras da lei, nenhuma carne poderia ser justificada (Rm 3.20; Hb 9.8).

CONCLUSÃO.

Não há palavras melhores para concluirmos este estudo do que as de Buttrick, citadas por R. N. Champlin: “Quantas cortinas divisórias Cristo rasgou de alta a baixo com a sua morte! A divisão entre sacerdotes e adoradores se dissipou; a igreja é o sacerdócio de todos os crentes. A divisão entre judeus e gentios se dissipou; agora os gentios podem ir além do átrio exterior, entrando no Lugar Santo, sim, e até mesmo, no próprio Santo dos Santos. A barreira ente escravo e liberto ruiu, porquanto todos são servos de Cristo e, por isso mesmo, usufruem de perfeita liberdade”. Louvado seja Yavé Shammah – o Senhor está presente! Sim, Ele está mais perto de nós do que o ar que nós respiramos. Sem véus…

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Referência@
[1] Jan Rouw e Paul Kiene. A casa de ouro, Depósito de Literatura Cristã, p. 35
[2] Leo Cox em Comentário Bíblico Beacon, vol. 1, CPAD, p. 211
[4] R.N. Champlin. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 11° ed., vol. 6, Hagnos, p. 623.

Fonte: AD ALAGOAS

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