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A responsabilidade ecológica da Igreja

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A responsabilidade ecológica da Igreja é garantir que a vontade de Deus seja ouvida, entendida e estabelecida. Há um texto do teólogo Carlos Mesters falando do projeto de Deus para o ser humano e para o mundo criado. O texto desafia-nos, por exemplo, a pensar numa ação e numa ética cristã que impliquem relacionamentos em dominação, a recuperação da fertilidade da terra, um trabalho que não é instrumento de opressão, a restauração da harmonia entre os animais (leia-se fauna e flora) e o homem e também (e isto é o princípio desencadeador de todos os outros!) a construção de uma nova história na qual Deus e os homens são amigos.

Como vemos, o entendimento e a responsabilidade ética da Igreja para a questão da ecologia não pode se limitar apenas à proteção da fauna, da flora e dos ecossistemas, mas deve visar à superação teológica e cultural da dicotomia entre o homem e a natureza, de modo que haja uma consciência ecológica, ética cristã de que o ser humano é parte da fauna e está inserido na criação como parte dela, com privilégios e também com as responsabilidades inerentes desses privilégios. Evitando assim, como aponta Afonso Garcia: “tanto a desumanização do super-homem moderno, fechado na própria subjetividade, dominador dos mais fracos e destruidor do meio ambiente, quanto a desumanização implicada na mera adaptação do ser humano aos mecanismos impessoais da evolução cósmica”1.

A ética cristã deve tratar o ser humano e a cultura do homem como parte de sua preo­cupação ecológica também. Não podemos ter uma visão e um pensamento ético que não considerem o ser humano e seu contexto social e cultural dentro do contexto maior e como parte do meio ambiente. Ou seja, tão justa quanto a preocupação com preservação de espécies como tartaruga-de-pente ou mico-leão-dourado ou jacaré-de-papo-amarelo, deve ser também a preservação da espécie humana. Embora na teoria tudo esteja interligado, muitas vezes na prática, o/a homem/mulher, particularmente o/a pobre, sem-terra, sem-teto, sem-trabalho, vítima da fome, da guerra, etc., não tem sido encarado/a pela ética cristã e inserido/a dentro de um contexto ecológico no sentido de que sua espécie não é apenas a que maior dano causa ao meio ambiente, mas também a que mais sofre esses danos. É importante que haja preocupação com a preservação também de sua vida e da qualidade de vida. Não apenas com sua sobrevivência, com seu cativeiro na miséria e abandono. É importante propugnar por políticas públicas que lhe possibilitem moradia, trabalho, subsistência.

A ética cristã deve, com toda certeza, promover ações que protejam os ecossistemas naturais, a vida silvestre, o uso racional das reservas naturais, controle rigoroso da poluição (industrial, a feita pelos veículos, sonora, visual, etc.), reciclagem do lixo e materiais, combate às queimadas, combate ao uso indiscriminado de agrotóxicos, melhoria no ambiente urbano (moradia, trabalho, alimentação, transporte, saneamento básico, jardinização, lazer), melhoria no ambiente rural (reforma agrária e condições sanitárias, por exemplo). Mas, evidentemente, a realização de todo esse programa de mudanças na produção e na organização social não poderá ser concretizada sem a conscientização da população, sem mudanças de mentalidade, mudanças profundas na compreensão do ser humano com o meio ambiente e sem uma grande mudança em nossos valores e em nossa cultura. 

Miséria, machismo e racismo, por exemplo, não devem ser vistos apenas religiosamente como pecado ou socialmente como situações de relações opressoras. Devem ser vistos também eticamente como causa a ser superada, como situação de agressão à vida coletiva, à “fauna” humana, ao meio ambiente.

Embora para nós, cristãos/ãs, a fé cristã não se reduza apenas a uma ética, entendemos que ela tem a exigência de uma ética, de um comportamento ético. Por isso a tarefa de evangelização confiada por Deus à Igreja implica também a vivência, o anúncio e um desafio de uma ética para o mundo. Esta “evangelização ética” (evangelização promotora da ética cristã) condena o mundo em suas relações opressoras e destrutivas, propondo o estabelecimento de relações de misericórdia, justiça, solidariedade e paz. De modo que, se o pecado humano envolveu toda a criação num caos e em desarmonia, a ética cristã deve ser praticada de modo também a alcançar relacionamentos misericordiosos, justos, pacíficos e solidários com toda a criação, restabelecendo a harmonia, a amizade e a cooperação. Isso provoca mudança de valores, mudança na cultura. 

Portanto, mais que diagnosticar a necessidade da proteção ambiental, é necessário o prognóstico da mudança sociocultural, e tanto quanto refletir, é fundamental uma ação ampla. A “evangelização ética”, além de alcançar os indivíduos, deve também “evangelizar eticamente” as instituições e estruturas sociais e a cultura, ou melhor dizendo, as diferentes culturas.
“Evangelização ética” no sentido em que estamos usando neste texto refere-se à responsabilidade e à participação ecológica da igreja. Mas o que vem a ser de fato uma “evangelização ética”? É aquilo que se convencionou chamar de “evangelização integral”, ou seja, “permanente compromisso com o bem-estar da pessoa total, não só espiritual, mas também seus aspectos sociais” (Cânones 2012)2, no combate permanente aos problemas sociais que oprimem pessoas, povos e as sociedades, “denunciando as causas sociais, políticas, econômicas e morais que determinam a miséria e a exploração e anunciando a libertação que o Evangelho de Jesus oferece às vítimas da opressão”. Esta compreensão abrangente da salvação faz com que os/as cristãos/ãs se comprometam com as lutas que visam a eliminar a pobreza, a exploração e toda forma de discriminação. Evangelização integral é a que compreende a Missão de Deus no mundo e na história acontecendo na promoção da vida. 

A Evangelização integral e “ética” é a melhor proposta de ética ligada à ecologia e a qualquer outra área da ação humana, ou ainda, serve para orientar a participação humana na história e na ecologia. Falar de evangelização ética e integral significa falar de uma contribuição teológica para a construção de uma ética cristã protestante construída sobre pelo menos cinco fontes pelas quais podemos conhecer e perceber a revelação da vontade de Deus, a saber:

  • A Bíblia – a maior fonte de conhecimento e autoridade: única regra de fé e prática. 
  • A experiência pessoal com Deus – a leitura da Bíblia deve nos levar à experiência pessoal com Deus, ao mesmo tempo em que a experiência de fé leva o/a crente a outra leitura das Escrituras. Sentir a presença de Deus e estar em comunhão com Ele nos proporciona conhecer a vontade divina e receber o poder para realizá-la. 
  • A razão – o uso da razão significa aceitar uma das grandes dádivas do Senhor. Deus espera que amemos, mas espera também que sejamos capazes de pensar, escolher, de ser lógicos/as.
  • A tradição – os ensinos da Igreja, como o Credo Apostólico e as decisões dos Concílios Gerais da Igreja, são parâmetros importantes para o conhecimento de Deus revelado nas Escrituras, pela experiência pes­soal e pela razão.
  • A criação – na criação está a expressão da presença, da sabedoria, do poder e do cuidado amoroso de Deus. Podemos conhecer também a vontade de Deus para a vida humana e de toda a criação.

Concluindo, podemos dizer que a responsabilidade ecológica da Igreja de fato é sua participação na Missão de Deus com a prática de um evangelho integral. “A Missão de Deus no mundo é estabelecer o seu Reino. Participar da construção do Reino de Deus em nosso mundo, pelo Espírito Santo, constitui-se na tarefa evangelizante da Igreja”.

Pr. Ronan Boechat – 1ª Região Eclesiástica
Fonte: Jornal Expositor Cristão – edição de abril/2019

Referências
1 RUBIO, Alfonso García. Unidade na Pluralidade. São Paulo, Paulinas, 1989, p. 461.
2 Cânones da Igreja Metodista.

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